Na vila de São João do Abade, no município de Curuçá, nordeste do Pará, o silêncio normalmente associado aos velórios dá lugar a um ritual marcado por fogos de artifício, música, emoção e cachaça. Preservada há gerações, a tradição transforma o último adeus em uma celebração da vida e resiste como um patrimônio cultural da comunidade local. Na internet vídeo de um cortejo começou a viralizar e a chamar atenção dos internautas.
Assim que a morte de um morador é confirmada, familiares, amigos e vizinhos se mobilizam para organizar o cortejo fúnebre. O trajeto até o cemitério é tudo menos convencional. O caixão é conduzido entre rojões, gritos emocionados, choros e até gargalhadas.
A bebida alcoólica, especialmente a cachaça, é amplamente compartilhada durante o percurso, simbolizando união entre os presentes no cortejo. Segundo os moradores mais antigos, os fogos de artifício possuem a função espiritual de abrir caminho para a alma e anunciar a chegada dela ao outro plano espiritual.
Apesar do tom irreverente, o ritual é cercado de respeito. A comunidade enxerga o momento como uma maneira de prestar homenagem ao falecido, celebrando a vida dele com intensidade e alegria. Para quem presencia pela primeira vez, o cortejo pode causar espanto, mas para os moradores é uma expressão legítima de afeto, luto e identidade cultural.
A tradição já enfrentou tentativas de proibição por parte de autoridades externas e chegou a ser alvo de críticas. No entanto, a forte resistência da comunidade garantiu a permanência dela. Hoje, o cortejo de São João do Abade é motivo de orgulho local, atrai visitantes e se tornou até objeto de estudo em pesquisas acadêmicas, ganhando reconhecimento como um ritual que desafia os padrões convencionais de despedida.
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Redação/Metrópoles
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