Após a repercussão negativa do apoio à PEC da Blindagem, vários deputados federais recorreram às redes sociais para pedir desculpas. As justificativas apresentadas variaram, desde ameaças de retaliações internas até “sacrifícios” para tentar impedir a votação da anistia. O deputado Pedro Campos (PSB-PE) chegou a anunciar que acionará o STF na tentativa de anular a votação.
A deputada Silvye Alves, de Goiás, anunciou sua saída do partido União Brasil devido à controvérsia gerada pela votação. Em um vídeo publicado no Instagram, ela afirmou que inicialmente votou contra a PEC da Blindagem, mas alegou ter sido ameaçada por “pessoas influentes” para mudar seu voto.
Eu sabia que a extrema direita, a direita e o centro votariam a favor. Mas segui a minha intuição e votei contra, às 19h. A partir desse momento, comecei a receber muitas ligações de pessoas influentes do Congresso Nacional, se é que vocês me entendem.
Ligaram dizendo que eu sofreria retaliações — disse a deputada, que pediu desculpas aos seus eleitores. — Eu fui covarde, cedi à pressão, e por volta de quase 23h mudei meu voto. Sou uma mulher super forte, mas eu não tive, naquele momento, força para fazer o correto. Eu cometi um erro gravíssimo. Quero pedir perdão a vocês.
O deputado Merlong Solano (PT-PI) justificou seu voto favorável como uma tentativa de “ajudar a impedir o avanço da anistia e viabilizar a votação de pautas importantes para o povo brasileiro, como a isenção do Imposto de Renda, a MP do Gás do Povo, a taxação das casas de apostas e dos super-ricos, além do novo Plano Nacional de Educação”.
Em uma nota publicada nas suas redes sociais, ele admitiu que “esse esforço não surtiu efeito” e que o suposto acordo político foi rompido. Por isso, ele assinou como coautor do Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribunal Federal, solicitando a anulação da votação.
Na nota, o deputado descreveu seu voto como um “grave equívoco”:
Não pensem que foi uma decisão fácil. Na política, por vezes somos levados a fazer escolhas difíceis, que exigem renúncias e sacrifícios. Meu voto foi motivado pela tentativa de preservar o diálogo entre o PT e a presidência da Câmara dos Deputados, escreveu.
O Mandado de Segurança no STF foi uma iniciativa de Pedro Campos (PSB-PE), que justificou seu voto de maneira semelhante ao deputado Merlong. O irmão do prefeito de Recife explicou que, diante do avanço da pauta na Câmara, o campo progressista só teria duas alternativas: “discutir nenhum texto dessa PEC e arriscar que a anistia passasse e, além disso, que isso boicotasse pautas importantes do governo, como a tarifa social da energia e o imposto de renda”, ou “discutir o texto da PEC e tentar tirar os maiores absurdos que ali estavam contidos e buscar um caminho para barrar a anistia e fazer avançar as pautas populares, conforme ele explicou em vídeo publicado nas suas redes.
A PEC passou do jeito que nós não queríamos, inclusive com a manobra para voltar o voto secreto que nós já tínhamos derrubado em votação. Por isso, tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho. E saímos derrotados na votação da PEC e na votação da anistia — afirmou Pedro Campos.
O deputado Thiago de Joaldo (PP-SE) também publicou um vídeo com justificativas e pedidos de desculpas. “Errei ao votar favoravelmente à PEC da Blindagem. Vergonha é insistir no erro; coragem é assumi-lo de frente e lutar para consertar”, diz a legenda de sua publicação.
Diferente dos outros casos, Joaldo não ofereceu desculpas por ter votado a favor da PEC da Blindagem. Ele se limitou a expressar arrependimento e mencionou que mudou de posição após receber comentários e análises.
É preciso reconhecer que a Câmara errou na mão e o remédio pode ter saído mais letal do que a enfermidade que queria se tratar. Nunca busquei proteger criminosos nem dar salvo-conduto para prática de qualquer outro crime. A partir daí, comecei a receber comentários de especialistas, me atentar à imprensa, sobretudo ouvir os comentários. Reconheço que falhei, peço desculpas e trabalharei para corrigir, assumindo o dever de me somar a outros colegas que também escutaram as vozes das ruas para derrubar a PEC no Senado e questionar possíveis vícios de tramitação — afirmou Thiago de Joaldo (PP-SE).
Redação/O Segredo
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