A Justiça Federal da Paraíba autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal de empresas e pessoas físicas ligadas à Pixbet, em um inquérito que apura crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e operação irregular de instituição financeira. A decisão foi assinada pelo juiz federal Vinícius Costa Vidor no processo nº 0800136-46.2025.4.05.8201, que tramita sob segredo de justiça.
Segundo o despacho, a medida é considerada essencial para rastrear operações financeiras bilionárias envolvendo companhias do setor de apostas online. O caso ganhou repercussão nacional e expõe a fragilidade da regulamentação das apostas esportivas no Brasil.
Início das investigações
As apurações tiveram início em 2022, a partir de informações repassadas pelo GAECO/MPF-PB. O grupo identificou empresas de Campina Grande (PB) que atuavam na comercialização de créditos de jogos online com sede no exterior. De acordo com a Polícia Federal, jogadores pagavam em reais e recebiam créditos em dólares sem registro oficial de câmbio, o que configura evasão de divisas.
Empresas e empresários envolvidos
O inquérito cita como suspeitos o empresário Enzo Stephani Rodrigues Ribeiro e seus sócios, além de companhias como Brasfichas Tecnologia, Bras Gaming Consultoria, Pixbet Soluções Tecnológicas, Anspace, Bpay e Pixuo. Também aparecem nos autos os nomes de Ernildo Júnior de Farias Silva, Diomar Tadeu Dantas de Farias, Daniel Gomes da Silva e Sérgio Augusto da Motta, além de familiares usados como sócios em empresas de fachada.
A Pixbet surge no centro das investigações, com registros de transferências que chegaram a R$ 5,8 milhões para a Brasfichas apenas em 2021. Há indícios ainda de repasses no sentido inverso e do uso de CPFs de pessoas falecidas em operações cambiais para dar aparência de legalidade às transações.
Montantes bilionários e conexões
Os valores investigados impressionam. A empresa Anspace teria realizado mais de 1.400 operações cambiais, superando R$ 1,5 bilhão, muitas delas com dados de pessoas mortas. Já a Bpay teria movimentado R$ 105 milhões para a RC Produção Artística Ltda., ligada ao influenciador Rafael Cunha.
Além disso, documentos apontam que a Pix Star Brasilian N.V., sediada em Curaçao e controladora da Pixbet, manteve vínculos financeiros com clubes de futebol brasileiros. O Corinthians, por exemplo, teria recebido R$ 5,2 milhões em patrocínio e devolvido R$ 15,3 milhões em rescisão contratual.
O juiz determinou que instituições financeiras enviem, entre 2021 e 2025, todas as informações sobre contas, transações, cartões, PIX e investimentos de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao caso.
O MPF e a Polícia Federal acreditam que a rede de empresas era usada para captar apostas no Brasil, enviar recursos ilegalmente ao exterior e reintroduzi-los no país por meio de contratos fictícios.
O avanço do processo pode redefinir os rumos do mercado de apostas esportivas no país, marcado pelo crescimento acelerado e pela ausência de regulamentação clara.
Da redação/ Com Nordeste 1





