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Brasil registra recordes de feminicídios e estupros em 2024 e escancara falhas na proteção às mulheres

O Brasil alcançou em 2024 os piores índices de violência contra mulheres e violência sexual em mais de uma década, segundo a 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados revelam um cenário crítico que evidencia a urgência de políticas públicas mais eficazes e estruturadas.

O país registrou 1.492 feminicídios no ano — o maior número desde 2015, quando o crime foi tipificado pela legislação brasileira. Em relação a 2023, o aumento foi de 1%. Os números refletem não apenas o crescimento da violência de gênero, mas também a permanência da impunidade e a fragilidade das redes de acolhimento e prevenção.

Ainda mais alarmante é o número de vítimas de estupro: foram 87.545 registros, o maior volume desde o início da série histórica, em 2011. Isso significa que, em média, uma pessoa é estuprada a cada seis minutos no Brasil. O aumento de 0,9% em relação ao ano anterior reforça o alerta: o país falha em proteger suas mulheres, crianças e adolescentes.

Diante desses dados, parlamentares e especialistas cobram investimentos urgentes em políticas de prevenção, acolhimento e punição. Na Paraíba, a deputada estadual Camila Toscano, presidente da Comissão da Mulher na Assembleia Legislativa, afirmou que os números revelam a gravidade do problema e a necessidade de respostas firmes por parte do poder público.

“Esses dados nos obrigam a redobrar esforços. Nenhuma mulher pode ser invisibilizada diante de tanta violência. É preciso agir com firmeza, buscar saídas concretas para frear esse crescimento e garantir proteção às vítimas”, afirmou.

A parlamentar lembrou que há leis estaduais e projetos voltados à proteção das vítimas e ao fortalecimento da rede de apoio, como o canal de denúncia via WhatsApp e a priorização no atendimento pericial pelo Instituto de Polícia Científica. Ainda assim, segundo ela, falta estrutura, efetivo e capilaridade para garantir que esses mecanismos funcionem na prática, especialmente em regiões mais afastadas dos grandes centros.

O crescimento dos índices de violência sexual e feminicídios coloca o Brasil diante de um desafio persistente: transformar leis em políticas efetivas, com alcance real e sustentado. Para especialistas, o avanço só será possível com articulação entre os poderes, aumento dos recursos destinados à proteção da mulher, formação de profissionais da rede de atendimento e promoção da cultura do respeito e da equidade.

A luta contra a violência de gênero, segundo parlamentares e entidades civis, precisa ser permanente e prioritária — não apenas em discursos, mas em ações concretas e coordenadas.

 

Redação/PBAGORA

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