Em entrevista realizada pelo Grito Popular no dia 05 de março de 2025, em sua residência, a agente cultural nos contou um pouco de sua história e de sua participação no desenvolvimento cultural de Serra da Raiz. “Ciada da cultura”, nome fantasia (apelido) popularmente atribuído a ela, simboliza todo o trabalho cultural que vem sendo realizado pela agente no município. Dentre os principais trabalhos realizados por ela, estão: Pastoril, Ala Ursa, a primeira quadrilha junina, também fundada por Ciada em sua cidade. “Eu tinha 13 anos de idade quando fundei”, declara Ciada, sobre a fundação da quadrilha junina.
Durante a entrevista, a agente cultural nos revelou a verdadeira realidade social, cultural e econômica de alguns agentes culturais. Para quem não sabe, para além de agente cultural, dona Ciada também possui um trabalho social muito importante: Causa Animal. Ciada acolhe animais de ruas (cães e gatos), em sua maioria doentes, tendo que retirar do pouco que ganha, para comprar, quando dar: remédios, rações e demais consultas com veterinários para cuidar dos animais. Sem apoio popular, patrocínio ou qualquer outra forma de ajuda de custo, Ciada confessa: “Meu fi, infelizmente tenho que ver muitos gatinhos morrerem com doenças terríveis, porque não tenho dinheiro para comprar vacinas e inibidores para as fêmeas”. Ela continua: “O dinheiro que recebo, só dar para as contas de casa e uma ou duas vacinas”.
Como grande representante cultural da cidade, ela diz: “Não recebo nenhuma verba para me apoiar. Fica difícil levar o nome de mulher importante, mas no fundo ninguém me valoriza do modo como deveria acontecer”.
Até hoje, não há um documentário sobre a vida de Ciada, nem sequer ela possui emprego na cidade para a qual tanto já se doou e vem se doando. Em função disso, deixamos os questionamentos: como fazer cultura vivendo em condições de vulnerabilidade social? Do que adianta vender a imagem de alguém, quando esse alguém é neutralizado economicamente?
Da redação/ Com Grito Popular





