O que era para ser uma noite de celebração e união política durante a audiência do Orçamento Democrático Estadual, em Riacho dos Cavalos, acabou sendo palco de um embate constrangedor entre duas das principais figuras da política paraibana: o deputado federal Gervásio Maia (PSB) e o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos). O episódio, presenciado pelo governador João Azevêdo, jogou luz sobre o clima de desunião na base aliada em pleno Sertão paraibano.
Tudo começou quando Galdino, em tom de crítica, acusou Gervásio de praticar “politicagem” ao mencionar o Hospital Regional de Catolé do Rocha, sugerindo que o parlamentar estaria utilizando a unidade hospitalar como palanque político. A declaração, feita em um ambiente institucional e diante de dezenas de lideranças locais, foi recebida com visível desconforto — inclusive por parte do governador.
Mas Gervásio não deixou barato. Em entrevista à CBN nesta sexta-feira (11), o deputado reagiu com firmeza e elegância. Disse não compreender o motivo da crítica e negou qualquer uso político da estrutura hospitalar, defendendo, ao contrário, os avanços notáveis da unidade de saúde, que ele classificou como uma das mais modernas da região.
“Hoje, quando você entra no Hospital Regional de Catolé do Rocha, a sensação é de estar em uma unidade particular. Tudo funciona de forma eletrônica, com sistema eficiente e atendimento de excelência. Atendemos mais de 80 municípios”, destacou Gervásio.
O parlamentar também fez questão de lembrar que o hospital deixou de ser apenas um centro de encaminhamentos e passou a realizar procedimentos de alta complexidade. Como exemplo, mencionou o fim do isolamento médico no Sertão, destacando que cirurgias cardíacas, antes realizadas apenas em grandes centros, agora são feitas em cidades do interior como Patos.
“Antes, um problema cardíaco significava pegar estrada até Campina Grande ou João Pessoa. Hoje, temos UTIs aéreas e estrutura para atender aqui mesmo, salvando vidas e encurtando distâncias”, reforçou.
Gervásio ainda buscou amenizar o clima político tenso ao enfatizar o saldo positivo da visita do governo ao Sertão, marcada por entregas importantes e anúncios aguardados pela população.
Leitura política
O embate não passou despercebido. A cena evidenciou um mal-estar crescente entre lideranças que, até então, compartilhavam o mesmo palanque. Para muitos observadores, o episódio pode ser um prenúncio de disputas internas que tendem a se acirrar à medida que se aproximam as eleições municipais de 2026.
Além disso, o constrangimento imposto ao governador João Azevêdo, que busca manter sua base unida em torno de um projeto estadual, levanta questionamentos sobre a capacidade de articulação entre as diferentes forças do grupo governista.
Enquanto isso, Gervásio Maia reforça seu posicionamento como voz ativa no Sertão e defensor das transformações em curso na saúde pública regional — ainda que isso incomode aliados de ocasião.
A pergunta que fica:
Estamos diante de um tropeço isolado ou de uma rachadura prestes a se alargar no tabuleiro político paraibano?
Redação/ExpressoPB
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