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OPINIÃO | Paulo Sérgio: Prefeita Lucinha enfrenta pressões e fica imobilizada entre aliados e opositores

Entenda por que a prefeita Lucinha da Saúde não consegue governar com autonomia e o que Marí pode aprender com o caso de Jackson Alvino, em Santa Rita

A política de Marí vive hoje um dos seus momentos mais turbulentos e imprevisíveis. Ao completar 100 dias de governo é explicita a complicada situação de Lucinha em meio a pressões internas e externas, sem conseguir agradar aos “aliados” e tampouco conquistar a confiança da população mais ampla – um contraste evidente com a habilidade política demonstrada por Jackson Alvino em Santa Rita.

Mesmo com cerca de 60% de aprovação de seu governo, conforme revela pesquisa do Instituto ANOVA, a sua visível estagnação gera incertezas e expõe disputas de bastidores que minam seu agir.

Lucinha sob tutela: governo emperrado e sem identidade

Desde que assumiu, Lucinha enfrenta dificuldades em imprimir sua marca de gestão. Embora tente dar continuidade às ações da administração, um verdadeiro tsunami político a impede de avançar. O maior entrave vem de dentro: o ex-prefeito, considerado seu padrinho político, insiste em se manter influente, agindo como se ainda tivesse o controle da máquina pública, quando não consegue se impor trabalha o “fogo amigo” na “calada da noite”.

Esse domínio velado por parte do ex-gestor gerou uma espécie de “governo a duas mãos”, no qual Lucinha não consegue governar com liberdade, mas também não freia de vez com a influência do antecessor. O resultado é uma gestão paralisada, sem identidade clara e cheia de conflitos internos.

O episódio do asfalto é uma prova de que Lucinha não terá sossego: quando ela anuncia que determinada obra é de sua articulação, o ex faz questão de usar personagens da mídia para desmentir a prefeita de forma elegante e inteligente.

Aliados antigos querem manter privilégios

Um grupo fiel ao ex-prefeito ainda ocupa espaços estratégicos dentro da prefeitura, tentando preservar cargos e poder de mando, como se a eleição não tivesse mudado o comando da cidade. Isso gera insatisfação tanto entre os que esperavam renovação quanto entre os que estão no governo, mas se sentem travados por essa disputa velada.

A prefeita, por sua vez, não encontra espaço para formar um novo grupo político com nomes próprios, pois também esbarra em resistências internas, até mesmo entre aliados considerados próximos. O resultado: estagnação.

O exemplo de Santa Rita

O impasse vivido por Lucinha em Marí tem um paralelo direto em Santa Rita. Lá, o atual prefeito Jackson Alvino conseguiu se desvencilhar da influência do ex-prefeito Emerson Panta, seu padrinho político, e passou a governar com independência e protagonismo.

Com articulação estratégica e coragem, Jackson assumiu de fato o comando da cidade, deixando claro que quem governa é ele. Esse movimento foi fundamental para consolidar sua liderança e fortalecer sua imagem diante da população e da classe política.

Já Lucinha, apesar de algumas tentativas de se firmar, ainda não se desvencilhou completamente do passado. Falta-lhe força política e apoio suficiente – dos mais próximos – para fazer esse movimento – e, com isso, o governo segue patinando, refém de disputas internas e da sombra do ex.

Marí e Santa Rita: semelhanças, mas caminhos distintos

Ambos os municípios enfrentam desafios semelhantes, incluindo ações judiciais que pedem a cassação de mandatos [com movimento estranho da mídia para dar visibilidade ao caso], relação tensa com o legislativo e interferência de ex-prefeitos. Contudo, em Santa Rita, o prefeito se impôs como liderança ativa; em Marí, Lucinha ainda precisa dar esse passo.

Se quiser sair da berlinda e evitar um desgaste político irreversível, Lucinha da Saúde precisa romper as amarras, assumir o comando de fato e construir um governo com sua cara e suas escolhas. A dúvida que fica é: ela terá força — e coragem — para isso?

Foto Reprodução

Redação/Por Paulo Sérgio – Editor Geral do ExpressoPB 
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