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Ministros do STF descartam prisão de Bolsonaro antes de condenação, e advogados perdem esperança de Fux repetir caso Débora

O ex-presidente Jair Bolsonaro só seria preso após a sessão do STF que o tornou réu por golpe de Estado se fizesse algo que justificasse uma prisão preventiva. Essa é a análise de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo blog.

Na terça (25), quando o STF começou a avaliar se aceitava ou não a denúncia, aliados do ex-presidente disseram que chegaram a temer que Bolsonaro pudesse sair preso do julgamento após a aceitação da denúncia, uma especulação descartada por investigadores e integrantes da Corte, que reiteram que a prisão só se vislumbra com o trânsito em julgado do processo — quando não há mais a possibilidade de recurso — ou se ele fizesse algo que justificasse a prisão preventiva.

Os advogados fazem questão de ressaltar que a ida de Bolsonaro ao STF na terça não tinha a intenção de intimidar os ministros, mas sim de afastar a ideia de que o ex-presidente poderia fugir caso seja condenado e tenha a prisão decretada.

Em conversas reservadas, os ministros ironizaram a mera possibilidade de uma tentativa de intimidação:

“Nós estamos muito intimidados, como dá para ver em nossas falas”, disse um deles.

Advogados dos denunciados perderam a esperança de suspensão do processo

Na terça, aliados do ex-presidente sentiram um fio de esperança após, na segunda-feira (24), o ministro Luiz Fux pedir vista e adiar o julgamento de Débora Rodrigues dos Santos, acusada de ter pichado a frase “Perdeu, mané”, na estátua da “A Justiça”, que fica em frente à sede do STF.

Alguns advogados dos denunciados aventaram que o mesmo poderia acontecer com Bolsonaro e os outros sete.

Mas, no fim do dia, era unânime a opinião entre advogados de que era apenas um desejo. Chegaram a brincar dizendo que o ministro já havia “queimado cartucho” com o pedido de vista da véspera e avaliaram como improvável a chance de que ele repetisse o gesto.

Bolsonaro assistiu do Senado à decisão que o tornou réu

A avaliação dos advogados e dos aliados de Bolsonaro foi de que a presença dele no primeiro dia do julgamento que pode tornar o ex-presidente réu teve o efeito proposto: surpreendeu a todos.

Alguns advogados discordaram da ideia, e avaliaram que a presença de Bolsonaro legitima o discurso político e acirra os ânimos com a corte. Por isso, nesta quarta-feira (26), ele desistiu de acompanhar o julgamento no STF in loco, e o fez do gabinete do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado.

Advogados elogiaram Zanin e Dino

Os últimos dois dias em Brasília estiveram voltados para a preparação do julgamento no STF que colocou Bolsonaro e aliados no banco dos réus.

A cidade foi tomada pelos advogados dos denunciados e por aliados de Bolsonaro, que buscavam as melhores estratégias para o “day after” da aceitação da denúncia.

Entre os ministros, os mais elogiados pelos advogados ouvidos pelo blog estão Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Zanin foi advogado do presidente Lula durante a Lava Jato e muitos advogados se mostraram encantados com a sua condução técnica do caso. Dino foi elogiado pela oratória e pela fundamentação de seus argumentos.

Da redação/ Com G1

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