SIGA-NOS

Lula cita situação mundial “complicada” e diz que “relação Brasil-Japão mudou de patamar”

Durante declaração à imprensa após reunião com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, nesta quarta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou que o mundo atravessa um momento de graves instabilidades e destacou a importância da nova parceria estratégica entre Brasil e Japão. A agenda fez parte da visita oficial de Lula ao país asiático, com foco em tecnologia, comércio e transição energética.

“A situação mundial é complicada”, afirmou o presidente, ao citar uma combinação de crise econômica, riscos à democracia e fracassos ambientais. “O mundo atravessa uma situação política difícil, uma situação econômica complicada e muita insensibilidade na relação política entre os Estados”, disse.

Lula apontou o não cumprimento de tratados ambientais históricos como um sintoma do retrocesso global. “Protocolos como o de Kyoto não foram cumpridos, acordos como o de Paris não foram cumpridos e alguns países já desistiram”, criticou. O presidente também expressou preocupação com a ascensão da extrema direita e o risco à estabilidade democrática em diversos países. “Estamos vendo países que simbolizavam a ação democrática sofrendo risco de desestabilização”, declarou.

Ao comentar os efeitos geopolíticos da guerra na Ucrânia, Lula chamou atenção para o rearmamento da Europa. “Depois da guerra da Ucrânia, o que estamos assistindo é a Europa voltar a se preparar para comprar armas, para investimento em seu armamento”, lamentou.

O presidente também mencionou a situação dramática na Faixa de Gaza, com o fim do cessar-fogo e um caso recente que envolveu diretamente o Brasil. “Estamos vendo com muita seriedade o fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde muitas pessoas já foram mortas – e nesta semana tivemos a tristeza de ver um brasileiro que foi morto na prisão em Israel”.

Diante desse cenário, Lula celebrou o avanço da relação bilateral com o Japão, país que classificou como democrático, desenvolvido e tecnologicamente avançado. “Por tudo isso, a relação Brasil e Japão ganha uma nova dimensão. […] Nós queremos aprender com o Japão e colocar em prática no Brasil todos os avanços científicos e tecnológicos que o Japão obteve nos últimos anos”, afirmou.

O chefe do Executivo brasileiro ressaltou que o país busca não apenas ampliar o comércio com os japoneses, mas também estabelecer parcerias industriais estratégicas. “Queremos vender e queremos comprar, queremos fazer parcerias entre a indústria japonesa e a indústria brasileira”, disse. Lula destacou ainda a relevância da cooperação na produção de etanol, hidrogênio verde e combustíveis renováveis.

Segundo o presidente, o Brasil tem potencial para liderar a transição energética no século XXI, e o apoio japonês pode ser decisivo. “Queremos contar com a expertise japonesa, com a tecnologia japonesa, com o investimento japonês”, reforçou.

Lula também destacou investimentos internos que visam sustentar essa nova fase de desenvolvimento, como uma “reforma agrária robusta”, o maior programa de infraestrutura da história do país — com R$ 1,7 trilhão investidos — e prioridade para educação, ciência e tecnologia. “Temos consciência de que não há possibilidade de um país crescer, se desenvolver e ficar rico se não houver um maciço e forte investimento em educação”, pontuou o presidente.

Ao final, Lula afirmou que a relação com o Japão ultrapassa o plano econômico e se insere na luta por liberdade e democracia. “É com essa perspectiva que saio do Japão, para dizer não apenas aos nikkeis, mas ao povo brasileiro que a relação entre Brasil e Japão mudou de patamar. […] Liberdade para o Japão e para o povo brasileiro! Democracia para o Japão e para o povo brasileiro! Não protecionismo para o Japão e para o povo brasileiro!”.

Redação/Brasil 247
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Comentários