A mudança de posto de Padilha abriu espaço para Gleisi. Ministra da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e presidente do PT nos últimos oito anos, ela assume o ministério responsável pela articulação política do governo, uma das cinco pastas com gabinete no Palácio do Planalto, onde Lula despacha diariamente.
O posto era cobiçado por partidos do Centrão, que defendiam um nome de fora do PT. Lula optou por Gleisi, o que foi entendido como um movimento à esquerda em um momento no qual o presidente enfrenta queda de popularidade.
A escolha também foi interpretada como um ato que enfraquece o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cuja política econômica foi criticada por Gleisi nos últimos anos. A nova ministra considera muitas das ações de Haddad fiscalistas.
Nome defendido pelo Centrão para assumir a articulação política, Isnaldo Bulhões (MDB-AL) compareceu à posse de Gleisi Hoffmann na função.
O alagoano disse que Lula optou por ter na Secretaria de Relações Institucionais uma pessoa mais próxima. Bulhões disse também que Gleisi reúne “todos os atributos” para assumir a negociação entre Planalto e Legislativo.
“Sou um grande admirador da forma dela [Gleisi] de fazer política, uma pessoa correta, trabalha com retidão, cumprindo seus acordos. Teremos uma excelente relação”, disse.
Bulhões afirmou ainda não haver “insatisfação” do bloco de partidos do qual faz parte com a escolha de Gleisi para a SRI.
Gleisi
Deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann foi senadora (2011-2018) e exerceu o cargo de ministra da Casa Civil no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Para retornar ao Planalto, ela acertou a saída da presidência do PT para assumir o cargo de ministra — será substituída pelo senador Humberto Costa (PT-PE) até que seja realizada uma eleição interna do partido para definir seu novo comando.
A parlamentar comandava o partido desde 2017, um dos momentos mais delicados dos 45 anos do PT, durante o avanço da Operação Lava Jato, o governo de Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff, a vitória de Jair Bolsonaro e os 580 dias de prisão de Lula.
Gleisi teve papel importante na campanha de 2022, porém o presidente optou por deixá-la no comando do PT. Nos últimos dois anos, a parlamentar foi ouvida com frequência por Lula antes de decisões importantes.
Padilha
Deputado federal por São Paulo, Alexandre Padilha foi escalado no começo do governo como ministro da SRI, função na qual participou das negociações com o Congresso para aprovação das novas regras fiscais e da reforma tributária.
Padilha já havia sido ministro da articulação política no segundo mandato de Lula e, agora, assume uma pasta que comandou entre 2011 e 2014.
Médico infectologista, doutor em saúde pública e professor universitário, Padilha foi ministro da Saúde no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Na sua gestão foi criado o programa Mais Médicos.
Padilha também atuou na cidade de São Paulo, no governo de Fernando Haddad como prefeito. Ele foi secretário de relações governamentais (2015) e secretário municipal de saúde (2015-2016).
Por G1 Política