Uma vasta matéria de capa deste domingo (26), do jornal Folha de São Paulo, trouxe que diversas obras com verbas do deputado federal Hugo Motta (Republicanos), no seu reduto eleitoral em Patos, onde seu pai Nabor Wanderley (Republicanos) é prefeito está abandonadas. Hugo é o candidato favorito à presidência da Câmara dos Deputados neste ano. (Veja matéria completa abaixo)
Segundo a reportagem, em 2011, durante seu primeiro mandato como deputado federal, Hugo Motta, então com 22 anos, destinou uma emenda de R$ 2 milhões ao Orçamento da União de 2012 para a construção do Teatro Municipal de Patos, no sertão paraibano. O prefeito da cidade, reduto eleitoral de Hugo, era o pai dele, Nabor Wanderley, que foi sucedido pela sua avó materna, Francisca Motta. Na época, os três pertenciam ao PMDB—hoje eles são do Republicanos. Os R$ 2milhões repassados representavam 67% do orçamento total do projeto (R$ 3 milhões). Catorze anos depois, Hugo Motta acumulou experiência e pode. Aos 35 anos, está prestes a ser eleito o mais jovem presidente da história da Câmara dos Deputados. Patos é novamente governada por seu pai (pela quarta vez),e sua avó exerce mandato como deputada estadual.
O Teatro Municipal não está pronto. A construção foi paralisada diversas vezes e abandonada —por falta de pagamento da prefeitura às empresas, mandatos interrompidos, irregularidades nas obras, entre outros problemas. A obra começou entre 2013 e 2014, na gestão de Francisca.
A avó de Hugo não terminou o mandato: foi afastada pela Justiça em 2016, a poucos meses de concluí-lo, depois de uma operação em que Ministério Público Federal, Polícia Federal e Controladoria-Geral da União investigaram esquemas de corrupção em cidades da região. Ilanna Mota, mãe de Hugo e filha de Francisca, que era chefe de gabinete da prefeitura, foi presa na ocasião e solta após cinco dias.
As imputações do MPF contra as duas por esse caso terminariam consideradas improcedentes ou extintas pela Justiça. O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito para apurar as causas da paralisação das obras —e depois o arquivou. O Tribunal de Contas da Paraíba constatou irregularidades e encaminhou o caso para o TCU(Tribunal de Contas da União). Na segunda semana de janeiro, quando a reportagem esteve em Patos, não havia sinal de obras. O teatro estava cercado por tapumes. Numa das laterais, uma vizinha colocou farelo de milho para alimentar pombos e cabeças de galinha para cachorros de rua. Além de ser explorada pelos poucos integrantes da oposição na cidade como exemplo de má gestão e descaso com o dinheiro público, a novela gera chacota e revolta. “Teve uma época em que no Teatro Municipal só tinham dois funcionários, um pedreiro e um servente, e os dois eram intrigados [brigados entre si]. Daí você vê como era a construção desse equipamento.
Nós, ativistas culturais, e a população em geral já perdemos a esperança de que um dia esse teatro fique pronto”, afirma o pesquisador Damião Lucena, autor de livros sobre a história de Patos e que mantém em sua casa um centro cultural com a memória da cidade. Seguindo um roteiro comum em Patos, o Governo da Paraíba assumiu a conta para tentar salvar o projeto, firmando novos convênios com a prefeitura, num total de R$ 12 milhões. O governador João Azevedo (PSB), aliado do prefeito, realizoucerimôniasem2021e2022para anunciara retomada. A conclusão agora está prometida para este ano.
O caso do Teatro Municipal é um entre muitos em que verbas federais obtidas por Hugo Motta para Patos direta ou indiretamente (com articulação política em ministérios e outros órgãos) são destinadas a obras encrencadas há anos sem sair do papel. Dois grandes projetos esportivos se inserem nessa categoria. Entre 2013 e 2014, a Prefeitura de Patos firmou convênios com o Ministério do Esporte para a construção da Vila Olímpica e do CIE (Centro de Iniciação ao Esporte) —o primeiro no valor de R$ 2,9 milhões e o segundo orçado em R$3,5 milhões, dos quais foramliberadosR$866mil. O plano era que ambos fossem inaugurados até a Olimpíada do Rio, em 2016. Doze anos depois, nenhum dos dois está pronto— longe disso. Hugo Motta articulou com diferentes ministros do Esporte pela liberação das verbas. Em2018 uma emenda do deputado garantiu mais R$ 1 milhão para os projetos—dois anos antes, nova emendadeleassegurouR$1,2milhão para o mesmo fim(“infraestrutura para esporte educacional, recreativo e de lazer”), mas no estado da Paraíba como um todo. As verbas saíram, mas não foram bem empregadas.
A Vila Olímpica só foi iniciada em 2015 (gestão Francisca Motta), mas abandonada depois de problemas estruturais. OCIE mal foi iniciado, e a prefeitura precisou devolver parte dos recursos à União, por descumprimento de metas. “Quando a empresa começou a executar os serviços de conclusão [daVilaOlímpica], notaram-se algumas falhas (…) na parte estrutural”, relatou o secretário de Administração de Patos, Francivaldo Dias, em 2023. “Infelizmente, passou-se um longo período abandonada, sem dar continuidade aos serviços, que só estão sendo retomados agora”, disse então o secretário. Veja a matperia na integra no link ou no anexo: [SP%20%20Folha%20de%20S%20Paulo%20260125.pdf]file:///C:/Users/micro/Downloads/SP%20%20Folha%20de%20S%20Paulo%20260125.pdf
Redação/ExpressoPB via PB Informada