MACHISMO REVERSO? Lucinha ignora mesa diretora liderada por mulher e desrespeita o legislativo em Marí

Publicado em quinta-feira, janeiro 2, 2025 · Comentar 


Foto Reprodução

A história foi feita na manhã desta quarta-feira (01)  na Casa de José Paulo de França, em Marí. Pela primeira vez, uma mesa diretora eleita com ampla participação feminina assume o comando da Câmara Municipal. Composta por quatro mulheres e dois homens, a chapa vitoriosa marca um momento histórico em uma legislatura onde 7 das 11 cadeiras do Legislativo serão ocupadas por mulheres.

No entanto, em vez de celebrar esse avanço na representatividade feminina, a prefeita empossada Lucinha da Saúde escolheu ignorar a solenidade protocolar de posse, desrespeitando o rito regimental e, pior, colocando em evidência um comportamento que pode ser interpretado como machismo reverso. Ao não reconhecer o ato oficial liderado por uma mulher, a prefeita não apenas deslegitima o poder Legislativo, mas também enfraquece a luta por igualdade de gênero que ela mesma deveria representar.

Lucinha, que durante sua campanha vendeu a imagem de uma mulher forte e conciliadora, hoje dá sinais de preferir um Legislativo alinhado à sua gestão, ainda que isso implique ignorar a liderança feminina. Sua reação ao resultado da eleição da mesa diretora — liderada por Djá Moura, uma mulher — revela uma contradição preocupante: a de uma prefeita que parece mais disposta a aceitar o comando masculino do que a autonomia de outra mulher em um poder independente.

Esse comportamento não é apenas contraditório, mas também reforça uma prática que muitas vezes é ignorada no debate sobre igualdade de gênero: o machismo feminino, onde mulheres em posição de poder escolhem reforçar estruturas patriarcais ao invés de apoiar outras mulheres.

Ao não reconhecer a solenidade de posse e declarar que sua verdadeira posse seria em uma passeata popular, Lucinha deixou claro que prefere deslegitimar um ato oficial liderado por uma mulher do que reconhecer a vitória de uma chapa que decidiu não se alinhar ao seu controle.

A nova composição da Câmara de Marí é um marco na política local. Com 7 das 11 cadeiras ocupadas por mulheres, ela representa um avanço significativo na luta por maior participação feminina nos espaços de poder. A mesa diretora eleita, com Djá Moura (presidente), Tânia de Professor Josa (vice-presidente), Professor Erivan Sabino (1º secretário) e Valeska Magalhães (2ª secretária), é um exemplo de como o protagonismo feminino está deixando de ser exceção para se tornar regra.



Esse avanço deveria ser motivo de orgulho e celebração por parte de Lucinha, uma mulher que chegou à prefeitura pregando renovação e inclusão. Mas, ao deslegitimar o ato, ela optou por um caminho que enfraquece a credibilidade da luta feminina e coloca em dúvida seu compromisso com a igualdade de gênero.

O comportamento de Lucinha expõe uma questão delicada: quando mulheres em posições de poder escolhem ignorar ou desrespeitar outras mulheres, o impacto vai além do episódio em si. Ele reforça estereótipos de fragilidade na liderança feminina, subverte os avanços conquistados com tanto esforço e, pior, normaliza um padrão onde mulheres precisam do aval masculino para serem legitimadas.

Ao não reconhecer Djá Moura como presidente da Câmara, Lucinha dá um recado: não importa que você seja mulher, importa se você está do meu lado. Essa postura é o oposto do que se espera de uma liderança feminina que deveria celebrar a independência e a força das mulheres na política.

A pergunta que fica é: que tipo de líder é Lucinha da Saúde? Uma que apoia a autonomia feminina ou uma que prefere ver mulheres subjugadas a um comando masculino ou ao seu próprio controle? Quando uma prefeita escolhe desrespeitar uma mulher no comando de outro poder, ela não apenas ataca a democracia, mas também enfraquece todas as mulheres que lutaram para que aquela posição fosse possível.

Essa atitude é um lembrete cruel de que o machismo não é uma questão de gênero, mas de mentalidade. E, em Marí, o que se viu foi um exemplo claro de como essa mentalidade ainda encontra espaço, mesmo entre aquelas que deveriam combatê-la.

Redação/ExpressoPB

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