O mecânico Antônio Donizete do Amaral, pai do jovem que aparece em um vídeo sendo arremessado por um policial de uma ponte em um córrego na Cidade Ademar, na Zona Sul de São Paulo, quer que a Polícia Militar explique o que aconteceu no momento da abordagem. Em entrevista à TV Globo, ele contou ainda que o filho, que se chama Marcelo e tem 25 anos, sobreviveu à queda e está bem, que trabalha como entregador e que não tem passagem pela polícia.
— Ele está bem, mas não conseguimos falar com ele. É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem (pela polícia), não tem nada. Eu gostaria de uma explicação desse policial aí e o porquê ele fez isso — afirmou.
No vídeo que viralizou nas redes sociais, gravado por testemunhas na madrugada de segunda-feira, é possível identificar três PMs em uma ponte. Um deles encosta uma moto na mureta após uma abordagem, e outro segura pelas costas um homem com camiseta azul. De repente, o PM levanta o rapaz pelas pernas e o joga no córrego.
O Jornal Nacional informou na noite de terça-feira que a vítima é um entregador chamado Marcelo, que feriu o rosto na queda e foi levado para o hospital depois de ser socorrido por moradores de rua que estavam embaixo da ponte.
A Secretaria de Segurança Pública afastou 13 PMs envolvidos na ação, que estariam dispersando um baile funk nas proximidades. Na manhã desta terça-feira, Tarcísio afirmou que “aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa de uma ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”. Secretário de Segurança Pública, Derrite divulgou um vídeo dizendo que a ação na ponte “não encontra respaldo nos procedimentos operacionais” e “ações isoladas não podem denegrir a imagem” da PM.
As imagens do agente jogando um homem da ponte foram classificadas como “estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis” pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que determinou que o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público acompanhe o caso. “Pelo registro, fica evidente que o suspeito já estava dominado”, disse Oliveira.
De 1º de janeiro até 29 de novembro, São Paulo teve 697 mortes decorrentes de intervenção de PMs, contra 460 em todo o ano passado, segundo o Gaesp. O aumento foi de 51%. Desse total, 595 foram cometidas por policiais em serviço e 102 por agentes de folga. Somadas as mortes por policiais civis, o estado conta 768 casos, uma alta de 66% sobre os dez primeiros meses de 2023. Em relação a todo o ano passado, a alta é de 42%.
Redação/O Globo