No último sábado, Marí perdeu um de seus maiores tesouros culturais, Ramiro Freire, o inesquecível Mestre Miro do Babau. Conhecido por sua dedicação ao teatro de bonecos e suas performances encantadoras, Miro foi um verdadeiro emblema da cultura popular paraibana. Contudo, o que poderia ter sido um momento de homenagem e celebração de seu legado foi marcado por um silêncio estarrecedor. A Prefeitura de Marí e sua Secretaria de Cultura ignoraram completamente a morte do artista, sem emitir sequer uma nota de pesar.
Das autoridades públicas, Mestre Miro recebeu apenas o doloroso silêncio. Nenhuma palavra oficial, nenhuma representação no cortejo fúnebre e, o que é ainda mais indignante, seu velório não ocorreu em nenhum espaço público oficial. Uma ausência que fala alto sobre o descaso com a cultura e aqueles que a mantêm viva.
Um legado ignorado
Miro não era apenas um artista local; ele era um patrimônio da cultura nordestina, um vencedor do Prêmio Teatro de Bonecos Popular do Nordeste promovido pelo IPHAN, e um dos nomes destacados no catálogo de Babau na Paraíba. Sua trajetória, que atravessou décadas de dedicação ao teatro de bonecos, levou o nome de Marí a eventos estaduais e nacionais. Mesmo com todas essas conquistas, o descaso do poder público demonstra como a gestão atual negligencia figuras essenciais para a história cultural do município e do estado.
O contraste do silêncio
Enquanto muitos políticos em Marí se esforçam para aparecer em eventos e ações que alimentam seu estrelismo vazio, Mestre Miro, que tinha talento e relevância inquestionáveis, partiu sem o reconhecimento que merecia. Sua dedicação ao teatro de bonecos não era apenas entretenimento, mas uma forma de preservar e promover a cultura popular paraibana, um “brinquedo” que resiste à extinção apesar da falta de incentivo institucional.
Uma gestão surda à Cultura
O silêncio da Prefeitura e da Secretaria de Cultura de Marí vai além de uma simples omissão: é um retrato de uma gestão que ignora suas próprias raízes culturais. É irônico, para dizer o mínimo, que a mesma cidade que sedia eventos como o Encontro de Brincantes de Babau da Paraíba não tenha a sensibilidade de reconhecer um de seus maiores expoentes. Miro, que já havia apontado a ausência de incentivos por parte das autoridades, deixou como última lição o impacto negativo de uma gestão que prioriza a aparência em vez da essência.
Marí deve a Miro mais do que palavras
Mestre Miro do Babau se foi, mas seu legado permanece. No entanto, a gestão de Marí perdeu uma oportunidade de mostrar que valoriza sua história e cultura. A ausência de reconhecimento oficial não diminui a importância de Miro, mas expõe a fragilidade de uma administração que falha em respeitar e preservar aquilo que realmente importa.
Marí, sua cultura merece mais do que discursos vazios. Sua memória coletiva depende do respeito àqueles que, como Mestre Miro, dedicaram suas vidas a manter viva a identidade cultural do povo.
Redação/ExpressoPB