Um grupo golpista atuou desde 2019 para descredibilizar urnas e favorecer Bolsonaro. A informação é da Polícia Federal que identificou que o grupo investigado por envolvimento na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 criou e disseminou, desde 2019, a falsa narrativa de que o sistema eletrônico de votação no Brasil seria vulnerável a fraudes.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (26) a queda do sigilo do relatório da Polícia Federal que indicia 37 pessoas por tentativa de golpe. Moraes derrubou o sigilo também de investigações correlatas
Segundo relatório da PF, o objetivo central era preparar o terreno para contestar os resultados eleitorais de 2022, favorecendo o então presidente Jair Bolsonaro em caso de derrota.
Conforme o documento, os ataques às urnas eletrônicas “não se iniciaram após o segundo turno das eleições presidenciais de 2022”. O relatório destaca que a narrativa foi construída ao longo de anos para “sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral”.
De acordo com a Polícia Federal, esse discurso buscava, primeiro, evitar que a contestação do resultado fosse vista como uma reação pontual à derrota e, segundo, servir de base para os atos subsequentes ao pleito, incluindo os protestos e invasões que culminaram nos eventos de 8 de janeiro de 2023.
Para sustentar essa narrativa, os investigados usaram estratégias típicas do que a PF classifica como “milícia digital”.
O relatório detalha que o grupo se valeu de um “modus operandi” de produção e disseminação massiva de dados falsos por múltiplos canais, de forma rápida e repetitiva. Entre as alegações difundidas, estava a de que as eleições de 2018 e 2022 apresentaram supostas vulnerabilidades nas urnas, indicando uma “grande fraude” arquitetada para prejudicar Bolsonaro, culminando com sua derrota no pleito de 2022.