Considerando o recorte por raça/cor, enquanto a incidência em mulheres brancas foi de 16%, no grupo de mulheres negras foi de 26%, isto é, 10% a mais.
Estes são dados da pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Consulting do Brasil, com apoio do Ministério das Mulheres. Foram entrevistadas por meio de questionário online 1.353 mulheres com 18 anos de idade ou mais, entre 23 e 30 de outubro de 2024.
O estudo estima que quase 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio. E mesmo para as mulheres que não enfrentaram o risco de serem vítimas de um feminicídio, esse tipo de violência está por perto: 6 em cada 10 brasileiras (61%) conhecem ao menos uma mulher que já foi ameaçada de morte pelo atual ou ex-parceiro ou namorado.
Das mulheres que foram ameaçadas, 44% delas sentiram muito medo de serem mortas quando passaram por essa situação, sendo que 37% denunciaram à polícia.
Já em relação a cada grupo de entrevistadas, por recorte de cor/raça, percebe-se que praticamente o dobro das mulheres pretas terminam mais o relacionamento (19%) em relação às mulheres brancas (10%).
Já em relação ao recorte por raça/cor, os dados mostram que 6% das mulheres brancas, quando ameaçadas, denunciam à polícia, ao passo que 13% das mulheres pretas fazem a denúncia.
Para 9 em cada 10 entrevistadas, todo feminicídio pode ser evitado se a mulher receber proteção do Estado e da sociedade. Mas a ampla maioria das entrevistadas considera que de nada vale a mulher ter uma medida protetiva se o agressor não respeita essa ordem e nem a polícia garante sua segurança.
A ampla maioria das entrevistadas concorda que se as mulheres ameaçadas de morte contassem com o apoio do Estado se sentiriam mais seguras para denunciar: 75% das mulheres brancas acreditam na importância do apoio do Estado (polícia, justiça) x 82% das mulheres pretas (considerando a quantidade de respondentes em cada grupo).
Porém, 8 em cada 10 entrevistadas concordam que a polícia não leva a sério uma denúncia de ameaça e nem o risco que a mulher corre.