Neguinho da Beija-Flor, de 75 anos, já tem data marcada para a sua última apresentação como intérprete oficial da escola de samba que há quase 50 anos. A agremiação anunciou, nesta quarta-feira (20), que o músico vai se aposentar após o Carnaval de 2025.
“O desfile de 2025 será marcado por uma emoção ainda mais especial. Além de homenagearmos o inesquecível mestre Laíla, será também o momento de nos despedirmos profissionalmente de nossa maior e inigualável voz no microfone oficial: Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o nosso Neguinho. Essa despedida, no entanto, é apenas do posto de intérprete oficial. Neguinho é, e sempre será, a essência da Beija-Flor. Não há Beija-Flor sem ele. Sua história está gravada em nossas cores, nossos sambas e nossos corações”, disse a Beija-Flor em nota divulgada à imprensa.
Trajetória de Neguinho na Beija-Flor
Em 11 de junho de 1975, o então conhecido “Neguinho da Vala” chegou a Nilópolis, a convite do presidente de honra, Anísio Abraão David, que também foi responsável por sugerir o nome artístico que se eternizou: “Neguinho da Beija-Flor”.
Neguinho começou sua trajetória na Beija-Flor oficialmente em 1976, tornando-se o intérprete oficial da escola e uma das vozes mais emblemáticas do Carnaval carioca. Sua estreia aconteceu com o samba-enredo “Sonhar com Rei dá Leão”, que marcou o início de uma parceria de sucesso. Desde então, ele esteve presente em dezenas de desfiles que se tornaram históricos, ajudando a escola a conquistar diversos campeonatos.
Em um encontro de gigantes da música brasileira, Neguinho da Beija-Flor cantou no desfile dedicado a Roberto Carlos, que deu em título da Beija-Flor em 2011 com “A Simplicidade de Um Rei”.
Em 2009, casou-se com Elaine Reis, em plena Marquês de Sapucaí, antes do desfile da Beija-Flor, em cerimônia que teve o presidente Lula e a primeira-dama Marisa como padrinhos.
Ele soma mais de 50 anos de carreira, 14 títulos, 6 Estandartes de Ouro. Além disso, ele carrega o grito de guerra — “Olha a Beija-Flor aí, gente!” — que se tornou uma marca registrada dele e da escola.
Entre as obras que se tornaram referência por conta de sua voz, destacam-se os sambas: “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia” (1989), “A Criação do Mundo na Tradição Nagô” (1978), “O Mundo É Uma Bola” (1986), “O Mundo Místico dos Caruanas nas Águas do Patu-Anu” (1998) “A Saga de Agotime, Maria Mineira Naê” (2001), “Áfricas – Do Berço Real à Corte Brasiliana” (2007), “Monstro É Aquele que não Sabe Amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu” (2018).
Luta contra o câncer
Neguinho também enfrentou desafios pessoais, como a luta contra um câncer diagnosticado no intestino em 2008. Apesar da gravidade da doença, ele seguiu seus compromissos profissionais e continuou no comando dos músicos da agremiação.
Além disso, expandiu sua carreira além do Carnaval, lançando discos e fazendo shows pelo Brasil e pelo mundo, sempre mantendo suas raízes no samba.
A aposentadoria de Neguinho da Beija-Flor marca o fim de uma era no Carnaval carioca.