Entre dezembro e janeiro, de acordo com dados do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA), a taxa de pobreza passou de 49,5% para 57,4%, atingindo seu patamar mais elevado desde 2004, como é o caso de uma argentina de 33 anos que relatou ao jornal O Globo que passou a recorrer a restaurantes populares. “Envergonhada por uma situação que disse jamais ter imaginado que enfrentaria, pediu para não ser fotografada”, relata a reportagem de Janaína Figueiredo.
Segundo os cálculos da UCA, cerca de 27 milhões de argentinos, de um total de 44 milhões de habitantes, são pobres. A disparada está relacionada a vários elementos, entre eles reajustes salariais e de programas sociais abaixo da inflação, liberação geral de preços e ausência de medidas pontuais para proteger os setores mais vulneráveis.
ONGs locais explicam, sob condição de anonimato, que o governo decidiu rever a lista de refeitórios beneficiados pela ajuda estatal. Os que a Casa Rosada considera politizados ou vinculados a setores opositores enfrentam dificuldades. O pano de fundo é a disputa de Milei com movimentos sociais críticos a seu governo, dos quais o presidente quer retirar todo o poder de administração de programas de ajuda. Todo o sistema que vigorou por mais de 20 anos está sendo revisado pelo Ministério do Capital Humano e pelo Ministério da Economia, um processo que, na prática, reduziu de forma expressiva a comida enviada aos restaurantes.
Redação/WSCOM