“É justo que muito custe o que muito vale”. Foi nessa frase de Santa Tereza D’ávila que Emmanuel Almeida Carvalho, de 24 anos, encontrou força e conforto para estudar até conseguir passar no curso dos sonhos. Após oito tentativas, ele foi aprovado no Sisu 2024 e ocupa a 3ª posição na lista de “feras” do curso de medicina na Universidade Federal de Campina Grande, cidade onde nasceu e mora.
Ao todo, o jovem fez o Enem nove vezes. A primeira, em 2015, ainda no ensino médio em uma escola privada, foi apenas um treino. Entre 2016 e 2023 as provas foram feitas para valer.
Depois de tanto esforço, em alguns momentos faltam até palavras que possam explicar a alegria de receber a notícia da aprovação.
“É indescritível, é uma felicidade imensa. Parece que tirei uma tonelada das minhas costas. Cada frustração que senti, negação, pontuação que chegava perto. Bati muitas vezes na trave e era muito angustiante esse processo. Essa era a minha última tentativa, de fato”, revelou.
Estudar medicina é um sonho alimentando pelo jovem desde os 5 anos de idade. A admiração pela profissão surgiu por meio de familiares que são médicos.
“Eu via um atendimento altruísta, humanizado. Eles estavam sempre dispostos a ajudar outras pessoas. Achei uma profissão muito bonita. Desde criancinha sempre tive esse olhar apaixonado pela medicina”, contou.
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Se as notas atingidas no Enem não eram suficientes para alcançar o sonho do paraibano, eram o bastante para passar em outros cursos, a exemplo de odontologia e farmácia. Mesmo assim, o objetivo nunca mudou.
“Depois de várias tentativas, a nota sempre dava pra passar em odonto. E muita gente ficava perguntando se eu não deveria fazer [odontologia]. Ficava pensativo, mas sempre buscando meu sonho”, lembrou.
A importância do apoio da família
Desde que Emmanuel, que é filho de uma professora e de um caminhoneiro, começou a tentar ser aprovado em medicina, contou com um apoio especial e, além disso, essencial. A mãe, o pai e o irmão sempre tinham uma palavra de incentivo.
“Principalmente da minha mãe. Quando tava prestes a desistir, estava triste, olhava pra ela, e ela falava coisas que me deixavam alegre. E isso mudava meu sentimento”, detalhou.
O irmão do paraibano também o ajudou na caminhada, que não foi curta. Os filmes assistidos com ele foram usados como repertório em várias redações do Enem.
Além disso, o jovem ainda tinha exemplos com quem contar. Dois tios dele, que hoje são médicos, levaram de seis a sete anos para que pudessem passar no vestibular.
“Eu conhecia o processo e sabia que não seria fácil, que não era mágica e não aconteceria num estalar de dedos. Sabia que tinha que ter uma constância. Porque a hora chega pra todo mundo, mas você tem que estar preparado e não desperdiçar quando chegar a sua hora”, destacou.
Erros e acertos ao longo de oito tentativas
Emmanuel tem certeza que o que mais o prejudicou durante os estudos para o Enem foi negligenciar os cuidados com a saúde mental que, para ele, se mostrou essencial para uma boa preparação e também para amenizar a ansiedade na hora da prova. O único ano em que esse aspecto foi trabalhado foi em 2023, que o levou até a aprovação.
O suporte para a saúde mental partiu da psicóloga da equipe de assessoria que Emmanuel fez parte como aluno e monitor, função que fez com que ele conseguisse um desconto e pudesse também ter acesso ao serviço.





