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Carioca faz sucesso vendendo bolsas feitas com lacre de latinha e envia até para o exterior

Paulo Gregorio, 48 anos, viralizou nas redes sociais vendendo suas bolsas de forma divertida — Foto: Reprodução/Instagram

Passando pelas praias do Rio de Janeiro é possível encontrar Paulo Ney Gregorio, 48 anos, vendendo bolsas feitas com lacre de latinha de alumínio e crochê. “Uma bolsinha sustentável e ecológica. Ajudando o meio ambiente e original”, diz ele, alegre, em um vídeo que teve mais de 1 milhão de visualizações no Instagram. O empreendedor, que vende as bolsas desde 2007, diz que viu seu perfil na rede social passar de 300 seguidores para 8 mil em um dia. Hoje, a conta já soma mais de 12 mil pessoas acompanhando o trabalho dele.

Não foram só os seguidores que aumentaram: as vendas também. Gregorio conta que, com a ajuda de sua mulher, anota os pedidos que recebe em cada dia em seu caderno e, então, produz as bolsas nessa ordem. Com a grande demanda, o prazo para o envio dos acessórios é de um mês. “São mais de mil pedidos por dia. O meu celular tá até travando de tanta mensagem”, diz Gregorio. “Eu nunca imaginei que indo para a rede social o meu negócio ia alavancar tanto”, complementa.

Segundo ele, os pedidos vêm até mesmo do exterior. Ele diz que já atendeu clientes de países como França, Itália, Reino Unido, Portugal e Japão – que fazem o pedido pelo Instagram e pagam o frete, que, segundo Gregorio, é mais caro do que as próprias bolsas.

Antes da repercussão do vídeo, o carioca ia todos os dias vender as bolsas na praia. Agora, ele as produz as durante a semana e vende no local aos fins de semana. Ele diz começar a lavar e separar os lacres às sete horas da manhã e seguir até duas horas da manhã costurando as bolsas. Gregorio conta que a atividade é relaxante e que ele segue até a madrugada tranquilo, enquanto assiste à televisão.

A ideia de produzir as bolsinhas feitas a partir do lacre surgiu quando ele tinha 33 anos, mas Gregorio conta que trabalha desde a infância para conseguir se sustentar. “Se eu for contar tudo que já fiz, vamos ficar a vida inteira aqui”, diz ele, que precisou deixar a escola na quinta série e, desde então, já trabalhou em padaria, vendeu pipoca, teve um carrinho de cachorro-quente e, aos 20 anos, começou a fazer vendas na praia, comercializando chá mate, por exemplo.

Para conseguir manter as vendas, ele resolveu inovar. O carioca decidiu que queria vender bolsas, pois percebia que isso agradava as mulheres que frequentavam as praias. Quando tomou essa decisão, o empreendedor também sabia que queria ajudar o meio ambiente. A primeira ideia que teve foi fazer bolsas da bituca de cigarro, mas, para isso, era necessário retirar o material tóxico do resíduo. Segundo ele, esse processo custaria cerca de R$ 60 mil, o que era inviável para ele.

Então, ele notou outro resíduo que estava sempre em meio à areia: os lacres de latas de alumínio. Segundo ele, as latinhas são recicladas, mas essa parte costuma ser retirada pelos próprios consumidores. “As pessoas tiram o lacre brincando e jogam na areia da praia sem pensar no que isso pode causar para o futuro”, aponta.

Assim, o carioca, que já vendia latinhas para reciclagem, começou também a retirar os lacres e recolher os que ficam pela areia da praia. Já o crochê ele diz ter aprendido apenas ao olhar outras pessoas fazendo. “Eu fiz a primeira bolsinha e o pessoal gostou, fiquei muito feliz. Aí não quis parar mais”, conta. Com o sucesso do negócio, o carioca conta que deixou de reciclar as latinhas, pois sabe que tem muitas pessoas que dependem disso para sobreviver. Além de pegar os lacres na praia, ele passou a receber muitas doações.

A primeira versão produzida do acessório tem o tamanho ideal para colocar um celular e leva 256 lacres. O outro modelo é uma bolsa em formato de canoa, que utiliza 465 lacres. Para a maior delas, são necessários 1.140. “É o número exato”, diz ele. “As pessoas nem sempre acreditam, eu digo que elas podem contar e, se estiver errado, ficam com a bolsa de graça. O pessoal adora”.

Os três diferentes tipos de bolsas custam, respectivamente, R$ 70, R$ 105 e R$ 300. Os modelos podem ser da cor do alumínio, coloridas ou douradas – estas duas últimas têm um valor mais alto, porque é mais difícil de encontrar e juntar lacres coloridos.

A bolsa canoa colorida custa R$ 125 — Foto: Reprodução/Instagram
A bolsa canoa colorida custa R$ 125 — Foto: Reprodução/Instagram
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