Os hinos da atlética têm versos machistas como “pegar as caipiras e comê-las no canto” e quem não sabe ou não quer cantar é punido. As agressões a calouros incluem tapas, socos, cuspe no rosto, humilhações públicas e nas redes sociais.
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Estudantes do curso de Medicina da Unisa, Universidade Santo Amaro, realizaram um “punhetaço” durante o Intermed, torneio esportivo das faculdades de medicina do estado de São Paulo.
Um bando baixou o calção até os joelhos e desfilou pela quadra de futsal, simulando um ato de masturbação. Num jogo de vôlei feminino, fizeram a mesma coisa na platéia.
“O que o time de futsal de Medicina da Unisa fez no Intermed é nojento e mostra MUITO BEM como vem a nova geração de médicos e o quanto eu reclamava de estudar no mesmo campus com esse povo boçal e escroto! Que ódio. Não sei como as meninas jogaram enquanto aquilo acontecia”, escreveu uma mulher no X, antigo Twitter.
O time de futsal foi expulso do Intermed. É pouco. O crime de importunação sexual tem pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão.
Futuros médicos. Isso explica muito do Brasil.
Matéria do Uol mostrava que esse comportamento é tolerado e até estimulado na Unisa. Mensagens de WhatsApp divulgavam “regras de comportamento dos calouros nos torneios –os principais são o Pré-Intermed, em abril, e o Intermed, em setembro, competições esportivas entre alunos de faculdades de medicina”.
“A tradição dos bixos [sic] homens na abertura é correr pelado na quadra com as outras faculdades”, diz um dos participantes.
Há um histórico de trotes violentos. Segundo o Uol, alunos recebem um manual de regras ao entrar no curso de medicina. Mulheres não podem usar acessórios ou roupas decotadas e homens devem raspar o cabelo. A padronização serve para diferenciar calouros de veteranos. Os estudantes também são proibidos de permanecer em uma praça no campus.
Os hinos da atlética têm versos machistas como “pegar as caipiras e comê-las no canto” e quem não sabe ou não quer cantar é punido. As agressões a calouros incluem tapas, socos, cuspe no rosto, humilhações públicas e nas redes sociais.