Frank e a companheira Taris vivem em Itapira, no interior de São Paulo, e são pais da Antonella. O pai conta que a família nunca vivenciou situações de preconceito e que farão questão de contar a própria história para a filha quando ela crescer.
Há exatamente 4 anos, a pequena Antonella chegava ao mundo para encher de felicidade a vida de Frank Teixeira e Taris de Souza. A gestação tão esperada, porém, teve uma particularidade: a menina foi gerada pelo pai, um homem transexual que decidiu engravidar para realizar o sonho de aumentar a família.
Moradores de Itapira (SP), eles celebram a vida da pequena hoje e todos os dias. Um ato que bate de frente com o preconceito e mostra como o amor é poderoso. “A chegada da Antonella mudou completamente nossas vidas desde quando ficamos sabendo do resultado do exame. Foi a realização de um grande sonho”, diz.
“Diariamente ela nos dá muitas alegrias. Do nascimento dela até hoje, ela é o motivo da nossa felicidade. Cada conquista, cada fase que ela passa é motivo de festa para nós”.
Antonella nasceu na noite de 11 de setembro de 2019 na Santa Casa da cidade. Diferente do que costuma ocorrer, após o parto, foi a mãe quem cortou o cordão umbilical. “É uma sensação única. Uma coisa é quando a gente espera, outra quando acontece”, contou Taris ao g1 à época.
De lá para cá, Frank, Taris e Antonella colecionam alegrias. Algumas delas estão em se tornarem exemplo para outras famílias e nunca terem vivenciado situações de preconceito. “A escola, sociedade, nunca interferiram nisso e também não irão interferir”.
O pai explica que filha ainda é muito pequena para entender que a família é um pouco diferente, mas que fará questão de contar quando chegar a hora. “O fato de eu ser homem trans não muda no nosso dia a dia. A Antonella saberá de tudo e da linda história dela quando ela tiver idade e maturidade para compreender”.
“No momento certo ela vai saber, aos poucos, cada coisa no seu tempo”, pontua.
Para provar que a experiência tem sido boa, o casal mostra que já pensa no futuro e não descarta a possibilidade de ter mais um herdeiro. “Esperamos que a Antonella tenha um futuro brilhante e abençoado. Nós como pais iremos fazer o possível para isso acontecer”, pontua o pai.
“Já pensamos em ter outro filho, a Antonella também pede uma irmãzinha, porém criar uma criança não é somente dar amor/cuidado, vai muito além disso”.
O sonho de aumentar a família veio em 2017. Eles chegaram a participar de um curso para adoção, mas o receio de que a criança procurasse pelos pais biológicos fez com que optassem pela inseminação. “A gente não sabia se teria estrutura emocional para lidar com isso”, disse Taris à época.
Após 11 tentativas frustradas, Frank percebeu, no final de 2018, que sua companheira talvez não conseguisse engravidar. Naquele período, ele havia parado de tomar hormônios masculinos – usados como parte do tratamento de afirmação de gênero – devido ao alto custo das inseminações.
Foi aí que decidiu tentar gerar o bebê da família, por meio de uma “inseminação caseira”. Ao g1, afirmou que o processo acabou se tornando uma ‘providência divina’. “Um dia ele viu que estava no período fértil, combinou com o doador e resolveu fazer nele mesmo”. Deu certo.