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“No swing, aprendi a me amar”, diz ex-evangélica que criou clube de sexo

Foro Reprodução

Enquanto ela era proibida de ouvir rock, o marido se esbaldava com todo tipo de pornografia. Entre namoro, noivado e casamento foram três anos de um relacionamento abusivo, carregado de chantagens emocionais, espancamentos, enforcamentos, chutes e todo tipo de autoritarismo, conta Camila Voluptas. E esse foi só um dos seus problemas.

Na conservadora igreja evangélica Congregação Cristã, que frequentou durante dez anos, e onde conheceu o ex-marido, coisas simples são consideradas transgressões às leis divinas. Ir à praia, cortar cabelo, vestir calça, ouvir música: tudo era pecado.

 

Para piorar, não aceitava o próprio corpo, que considerava acima do peso. Procurou terapia. Questões para lidar não faltavam em sua vida. Na infância, após a separação dos pais, teve inúmeros problemas de rejeição com padrastos e madrastas, tanto que foi morar com os avós paternos.

A baixa autoestima acompanhou toda a vida de Camila e, claro, só piorou com o seu primeiro casamento. “Ele não queria ter relações sexuais comigo e muitas vezes me pedia apenas para abrir as pernas para que se masturbasse e gozasse sozinho.”

Antes da separação, descobriu que o ex-marido frequentava sites de sexo entre homens. “Só casou-se para se ver livre da fiscalização religiosa da família sobre ele”, avalia Camila.

Do fundo do poço em que se encontrava, destruída emocionalmente, ela conseguiu reunir os próprios pedaços. Superou traumas e se reconstruiu. Hoje, afirma ter retomado as rédeas da própria vida. E a liberdade que a ex-evangélica tanto procurava não foi encontrada no divã, mas no swing, ao lado do atual marido, Edgard.

 

Edgard, pseudônimo de Eduardo, foi um affair proibido do passado (era casado). Por ironia, ele a levou à igreja, anos atrás. A mesma de onde saíram juntos uma década depois, ambos divorciados e prontos para uma nova vida, juntos finalmente.

 

Camila Voluptas é na realidade o pseudônimo de Samantha, que também é mãe, cuida do avô, da casa, é escritora e empresária. Não são apenas nomes fictícios, são personagens inventados para que pudessem entrar mais discretamente no circuito do sexo liberal, explica a swinger.

“Nos conhecemos sexualmente e aprendemos a amar nossos corpos da forma que eles são”, relata Camila, na introdução do livro autobiográfico “Ela, Dama de Espadas” (editora Secret Pass), que acaba de ser lançado.

No livro, ela conta sua história singular, cujo desfecho infeliz parecia quase certo, mas que uma virada singular mudou radicalmente. Depois de anos de abusos, violências e repressão, a vida hoje é uma festa. Uma, não, várias.

A busca frenética do casal por prazer sexual com outras pessoas a levou a criar uma sociedade secreta de swing, a Voluptas (prazer, em latim), atualmente com quase 50 mil integrantes no Brasil e no exterior.

Em entrevista a Universa, ela fala sobre sua jornada de autoconhecimento, dos dramas e feridas de muitas relações tóxicas à redescoberta do amor e do desejo através da realização das fantasias sexuais, sem tabus, preconceitos ou julgamentos. (Veja Aqui).

Redação/Universa/Uol

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