8⁰ dia de Guerra: “Tenho medo de a Ucrânia não existir mais”, diz Zelensky, presidente ucraniano

Publicado em quinta-feira, março 3, 2022 · Comentar 


Em entrevista na tarde desta quinta-feira (3) na Ucrânia, o presidente do país atacado pela RússiaVolodymyr Zelensky afirmou que teme pelo país, que está sob invasão desde a quinta (24) passada.

“Tenho medo de a Ucrânia não existir mais”, afirmou o líder em entrevista. Nesta quinta, enquanto falava o presidente, representantes da Ucrânia e Rússia estavam reunidos em Belarus para discutir um cessar-fogo. “Nosso povo é muito especial. Não quero vê-lo destruído. Quero ver os ucranianos sobreviverem na História. Não quero que se tornem a lenda dos 300 como os espartanos. Quero paz”

“Vocês podem ver o que está acontecendo, ouvir os tiros, as consequências dos bombardeios, ver o nosso povo defender nosso território. Podem perguntar aos homens e mulheres se estão com fome e sede. E se vocês estiverem [com fome e sede vão dividir com vocês”, declarou o presidente ucraniano.

Zelensky fez declarações fortes sobre a posição da ONU (Organização das Nações Unidas), da União Europeia e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em relação às ações tomadas para impedir a invasão russa, afirmando que os países agiram “tarde demais”. “Preciso agradecer os países que estão no fornecendo aramamentos, nós temos gratidão, mas já é tarde demais. Nós demos a janela de oportunidade para esses países, e essa janela causou a perda de milhares de vidas ucranianas”, disse. “Houve pressões sobre a Lituânia e a Polônia, e a resposta das alianças foi esperar o início da guerra”.

“O mundo precisa saber: Não é uma questão sobre o que o Olaf Scholz, ou o que o Joe Biden, ou o Macron, podem fazer, ou os outros líderes no mundo. A questão é que nós já dissemos muitas vezes que a Ucrânia precisa de garantias de segurança, e isso é algo que eu já venho dizendo desde o início (…) Se essas uniões [ONU, UE, Otan] não mostram a sua força – seja em termos de alianças econômicas, financeiras e culturais – não fica clara a união de valores”, declarou Zelesnky.

O líder ucraniano, apesar de apontar uma fraqueza da reação das potências do Ocidente, esclareceu que não deseja que outros países entrem em guerra, endereçando diretamente os líderes. “Não estou dizendo que alguém deva entrar em guerra, mas a força e o poder dessas alianças é de evitar a guerra. Vocês são tão poderosos que podem sentar às mesas de negociações. Houve fraqueza.”

Para Volodymyr Zelensky, as sanções são fortes e é o início de uma resposta diplomática aguardada: “Se a Ucrânia deixasse de existir, a Letônia seria o próximo país a ser invadido, a Lituânia, a Moldávia, Geórgia, Polônia, chegaríamos até o muro de Berlim. O mundo precisa mostrar a sua força, sem lutas, sem combates, sem perder vidas, porque o poder vem da diplomacia. As sanções são fortes e esse é um bom início.”

Quando questionado sobre o avanço das tropas russas no território, apesar da resistência do exército ucraniano, Zelensky não deu uma previsão do prazo que acredita que as forças da Ucrânia conseguem resistir. “Não estamos pensando no tempo, não estamos pensando ‘nós vamos resistir por esse período de tempo’, estamos apenas resistindo. Estamos fazendo o nosso trabalho”, afirmou.

O presidente ainda respondeu de forma indireta às acusações da Rússia da presença de neonazistas nas forças ucranianas. “Eu não entendo que tipo de pessoa pode planejar esse tipo de ato, isso sim é genocídio, isso sim é nazismo (…) “Esse aqui é o fim do mundo, as ações russas são o fim do mundo”.

No momento, o lado Leste da Ucrânia está mais suscetível às forças russas. A região da Crimeia já havia sido anexada pela Rússia em 2014, e as regiões de Donetsk e Luhansk possuem uma presença extensiva de grupos de separatistas russos. As cidades de Kherson e Mauripol, ao norte da Crimeia, já foram tomadas pelo exército da Rússia, e as cidades de Mauripol, na região de Donbass, e Kharkiv, na porção Nordeste do país, estão sob ataque intenso. Caso a Rússia tome o controle de Mauripol e Kharkiv, o país ocupará quase a totalidade do Leste da Ucrânia.

Da redação/ Com CNN Brasil

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