Filho de morador que morreu ao ter casa invadida pela enxurrada tentou salvar o pai: ‘Segurei no colo até ser arrastado’

Publicado em segunda-feira, janeiro 31, 2022 · Comentar 


O filho do morador de 61 anos que morreu após ter a casa invadida pela enxurrada provocada pelas fortes chuvas que atingiram Jaú (SP), neste domingo (30), disse, em entrevista à TV TEM, que tentou salvar o pai, que fazia um tratamento médico e estava com saúde bastante debilitada.

Edson Aparecido Saes era catador de recicláveis e morava com o filho, de 31 anos, na casa que fica na Vila São Paulo. A área é considerada de risco para inundações.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu resgatar o filho do catador, Ederson Gustavo Saes, e outras duas pessoas da família, que viviam em uma casa nos fundos no mesmo terreno. Ederson disse que a água invadiu a casa muito rápido e não conseguiu salvar o pai.

“Estava eu e o meu pai na casa, com água no pescoço. Eu segurei ele no colo até ser arrastado. Veio um água mais forte e arrastou ele. Só consegui encontrar ele depois de um tempo, na sala, e ele já estava morto”, lamenta.

Ederson conta que tentou salvar o pai quando a casa foi invadida pela enchente em Jaú  — Foto: Marcelo Risso/ TV TEM

Ederson conta que tentou salvar o pai quando a casa foi invadida pela enchente em Jaú — Foto: Marcelo Risso/ TV TEM

Também catador de recicláveis, Ederson conta que o pai, apesar de estar com a saúde frágil, ainda o ajudava no trabalho. O veículo da família, uma Kombi, também foi arrastado pela correnteza.

“A chuva arrastou a Kombi do meu pai, nem sem onde foi parar e agora estou esperando para a gente conseguir tirar ele da casa e poder dar um enterro digno para ele.”

Enxurrada chegou na altura das janelas dos imóveis em Jaú  — Foto: Paulo César Grange/ Jaú Mais
Enxurrada chegou na altura das janelas dos imóveis em Jaú — Foto: Paulo César Grange/ Jaú Mais

Resgate e ruas alagadas

A chuva causou alagamentos e estragos em vários pontos da cidade. De acordo com a Defesa Civil em 62 horas choveu 271,6 mm e o volume precipitado já foi acima da média esperada para o mês todo. A média para o mês é de 264,4mm e o volume precipitado para o mês 430,4 mm.

Um dos pontos de alagamento foi o Ginásio Dr Flávio de Mello onde funciona uma unidade de saúde e o Centro de Testagem Covid-19, que tiveram os atendimentos suspensos nesta segunda-feira (31).

Centro de testagem funciona no ginásio que foi invadido pela água — Foto: Reprodução/TV TEM
Centro de testagem funciona no ginásio que foi invadido pela água — Foto: Reprodução/TV TEM

Além das unidades de saúde a água invadiu várias casas e estabelecimento comerciais. Na Rua Álvaro Foret, a Defesa Civil precisou resgatar de bote moradores que ficaram ilhados. Na Rua Álvaro Foret, a Defesa Civil precisou resgatar de bote moradores que ficaram ilhados. Uma jovem, um bebê e um cachorro foram resgatados de barco.

A via e outras que ficam na região foram tomadas pela água e lama. No Jardim Bela Vista, um voluntário resgatou uma criança com uma moto aquática e na tentativa de resgatar mais moradores, o veículo foi arrastado, mas todos foram salvos pelos bombeiros.

No centro da cidade, funcionários de uma pizzaria tentaram chegar até o local, que ficou alagado, usando uma boia, mas acabaram desistindo.

Funcionários de uma pizzaria de Jaú tentaram chegar ao local usando uma boia, mas acabaram desistindo  — Foto: Cassiano Rolim/ TV TEM
Funcionários de uma pizzaria de Jaú tentaram chegar ao local usando uma boia, mas acabaram desistindo — Foto: Cassiano Rolim/ TV TEM

Os locais mais afetados foram nas baixadas das ruas Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva e Campos Salles. A rotatória de acesso ao Jardim São José é outro ponto crítico, no bairro além das casas, a água também invadiu uma igreja.

Fortes chuvas causam alagamentos e estragos em vários pontos de Jaú

Por conta dos alagamentos foram interditadas na manhã deste domingo as seguintes vias: Rua Quintino Bocaiuva, Rua General Galvão, Rua Tunin Capelozza, Rua Floriano Peixoto, Rua Domingos Pereira de Carvalho, Rua Osório Ribeiros de Barros Neves, Avenida Nove de Julho, Rua Prefeito Mário Ferraz Magalhães, Av Julinho de Carvalho, Rua Lourenço de Almeida Ferraz, Rua Arlindo Rett Primo, Rua Rafael Behar e Rua Giordano Stiarbi.

Água invadiu uma igreja, que ficou alagada em Jaú — Foto: Arquivo pessoal
Água invadiu uma igreja, que ficou alagada em Jaú — Foto: Arquivo pessoal

Decreto de emergência

Na tarde deste domingo, depois de visitar os pontos mais críticos da cidade, o prefeito de Jaú, Ivan Cassaro, publicou um decreto de situação de emergência no município e criou um comitê de crise para ajudar os afetados pelas enchentes. Pontos de arrecadação de doações foram estabelecidos em vários pontos da cidade.

Com isso, ficam autorizadas as contratações para fornecimento de bens e/ou serviços emergenciais, mediante dispensa de licitação.

Também é permitida a requisição, ocupação e uso de bens e serviços de pessoas físicas ou jurídicas para atendimento da população em situação de risco. O governo do estado também deve enviar verba emergencial de R$ 1 milhão.

Ruas ficaram alagadas em Jaú durante a chuva deste fim de semana  — Foto: Cassiano Rolim / TV TEM

Ruas ficaram alagadas em Jaú durante a chuva deste fim de semana — Foto: Cassiano Rolim / TV TEM

Da redação/ Com G1

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