Pai de empresário assassinado a mando da esposa desabafa: “Ódio fez ela matar meu filho”

Publicado em segunda-feira, janeiro 10, 2022 · Comentar 


Em segundos, o silêncio engole a voz embargada de choro do pai do dono de cartório assassinado com 17 tiros e mãos algemadas para trás, supostamente a mando da viúva, em Goiás, há 13 dias. “O ódio fez ela matar meu filho”, desabafa o produtor rural João de Deus Chaves Aguiar, de 61, ao site Metrópoles.

Primeiro dos quatro filhos de João de Deus com Maria de Lourdes Alves Chaves, de 58, Luiz Fernando Alves Chaves, de 40, foi sequestrado, em casa, em Rubiataba, no centro goiano, e morto, em seguida, em um canavial, na zona rural da cidade, por volta das 19h30 de 28 de dezembro. A polícia encontrou o corpo, na madrugada seguinte, no mesmo local.

O produtor rural conta que está revoltado com o fato de a viúva de seu filho, Alyssa Martins de Carvalho, de 32, ser supostamente a mandante do crime. Ela e outras quatro pessoas estão presas, inclusive uma mulher apontada como amante dela, por possível envolvimento na morte de Luiz Fernando. “A gente não pretende revidar nem vingar”.

“Medo de tudo”

O pai de Luiz Fernando afirma estar espantado com o crime. “Estou perplexo e com medo de tudo por pensar em até que ponto as coisas chegaram”, diz ele, que serviu de inspiração para o filho por ter sido cartorário, durante 38 anos, em Trindade, onde mora com a esposa, na região metropolitana de Goiânia.

Ex-presidente da Câmara Municipal de Trindade, João de Deus disse que soube que seu filho foi morto minutos depois do crime, assim que a polícia ligou para ele do celular de sua nora, a qual, até então, ainda não era suspeita de ser a mandante do crime. Ela estava na igreja, com os três filhos do casal, no momento em que o esposo foi sequestrado e morto.

“Fiquei sabendo às 20h10. O sargento ligou do celular dela, eu nem sabia que era o dela porque não tinha mais o número salvo. Na hora, ela disse ‘meu sogro, vem aqui para casa’. Até hoje não consigo entender”, lamenta o produtor rural, ressaltando a situação de sua esposa. “Ela está em choque”, diz.

“Único motivo”

João de Deus conta que, assim que soube do crime, ligou para comandantes da Polícia Militar (PM) na região, que, segundo ele, tomaram providências para localizar o corpo de seu filho e prender os suspeitos. Ele não acredita que o crime foi praticado por interesse da nora no dinheiro do seguro de vida do filho dele.

O pai da vítima afirma que também pediu ajuda do senador Luiz Carlos do Carmo (MDB), de quem é amigo e que lhe disse ter ligado, em seguida, para o governador Ronaldo Caiado (DEM) para solicitar agilidade na investigação. Segundo ele, Alyssa sempre foi muito bem tratada pelo seu filho e por toda a sua família.

O produtor rural afirma que recebeu ligação de seu filho cerca de três horas antes do crime. “Ele me ligou às 15h40 da tarde, conversamos até depois das 16 horas. Foi mais de meia-hora. Depois trocamos mensagens no WhatsApp. A última mensagem foi, às 18h58, sobre negociação particular de permuta de imóvel”, diz.

Guarda provisória

Para tentar amenizar a dor do luto, João de Deus conta que tem passado o maior tempo possível com os três netos frutos do casamento de Alyssa com Luiz Fernando. Por determinação da Justiça, os avós paternos conseguiram a guarda provisória das crianças: um casal de gêmeos, de 5, e a caçula, de 3.

“A vida deles [netos] vai ser melhor em tudo. A criação aqui vai ser cristã, falando em Deus, levando para o lado do bem. Nunca imaginava que nós todos passaríamos por isso. O cartório dele estava rendendo muito dinheiro. Ela usou o dinheiro dele para matá-lo”, afirma o produtor rural. Em interrogatório, a mulher admitiu que encomendou o crime por R$ 100 mil.

De acordo com João de Deus, os netos não sabem do crime. “Os meninos perguntam por ele [Luiz Fernando], e a gente fala que ele está no céu. Perguntam pela mãe, e a gente fala que ela está viajando. É uma dor imensurável”, relata o avô das crianças.

O produtor rural diz desconhecer que seu filho e sua nora tinham relação aberta, conforme ela disse em interrogatório, ou que ele mantivesse relacionamentos homoafetivos. “Negócio de relação aberta é loucura”, afirma.

“Se eu soubesse de relação aberta, falaria para ele separar. Não sabia que ele tinha envolvimento sexual. Se algum filho meu fosse [gay], também não teria problema porque não tenho homofobia”, diz. “Não quero um machão morto, queria meu filho vivo. O que o matou foi a crueldade, o ódio”, lamenta.

Da Redação 
Do ExpressoPB

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