MPPB/Gaeco aponta que interlocutores de Ricardo Coutinho teriam arrecadado propina de 10% com empresário para compra de imóvel de luxo

Publicado em segunda-feira, novembro 1, 2021 · Comentar 


23ª denúncia apresentada ao Poder Judiciário pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio de atuação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), no âmbito da Operação Calvário, na semana passada, aponta a suposta cobrança de propina, no percentual de 10%, por pessoas próximas ao ex-governador Ricardo Coutinho (PT) a um empresário do setor agrícola. O valor arrecadado teria sido usado na negociação, financiamento e compra de imóvel de luxo, avaliado em R$ 1,7 milhão, que fica localizado no condomínio Bosque das Orquídeas, no Portal do Sol, em João Pessoa.

O MPPB/Gaeco relata na denúncia que grupo empresarial Santana Agroindustrial LTDA. recebeu R$ 2,9 milhões do Governo do Estado, em 22 de fevereiro de 2018, portanto, durante o exercício do segundo mandato de Ricardo Coutinho. No dia 28 seguinte, o sócio-administrador da empresa, identificado como Ivanison Araújo, teria efetuado a transferência do valor de R$ 300 mil para Raquel Vieira Coutinho, irmã do ex-governador.

Na sequência, ainda segundo o MPPB/Gaeco, no dia 9 de março de 2018, Raquel Vieira Coutinho teria efetuado o depósito no valor de R$ 289 mil, diretamente em aplicação financeira de Ricardo Coutinho. O valor teria sido utilizado na composição do total de R$ 409,9 mil utilizados como parcela na negociação do imóvel.

A informação foi divulgada inicialmente pelo blog do jornalista Suetony Souto Maior, e confirmada pelo Portal WSCOM.

A DENÚNCIA

A 23ª denúncia apresentada pelo MPPB/Gaeco trata de um suposto ‘esquema’ de pagamento de propina e lavagem de dinheiro, através de contratos firmados entre o Estado e empresas que forneciam produtos agrícolas.

Além do ex-governador também foram denunciados o irmão dele, Coriolano Coutinho; a irmã, Raquel Vieira Coutinho; o filho do ex-governador Ricardo Cerqueira Coutinho (Rico Coutinho), filho; além dos empresários Ivanilson Araújo, Denise Pahim e Anelvina Sales Neta.

Segundo a denúncia, as empresas contratadas pelo Governo do Estado para o fornecimento de produtos agrícolas teriam pago, a título de propina, 10% do valor de contratos. Um dos repasses, relata o MP, seria referente ao pagamento de valor de R$ 2,9 milhões.

Os recursos teriam sido utilizados para a compra de um imóvel localizado no condomínio Bosque das Orquídeas, no Portal do Sol, vizinho ao Altiplano. O imóvel teria sido adquirido por R$ 1,7 milhão. Os investigadores apontam na ação a necessidade de reparação de R$ 7,3 milhões pelos envolvidos nos crimes.

LAVAGEM DE DINHEIRO

Com exceção de Ricardo Cerqueira, denunciado apenas por lavagem de dinheiro, aos demais são apontados os crimes de lavagem e corrupção passiva. Ele é apontado como a pessoa que simulou a compra da residência com o genitor, Ricardo Coutinho, com objetivo de ocultar a origem do patrimônio.

De acordo com a investigação do Gaeco, depois de “limpas” as propinas eram direcionadas para a conta de Ricardo Cerqueira, que teria simulado a “compra e venda de imóvel com o pai, Ricardo Vieira Coutinho, visando à ocultação da origem ilícita do patrimônio deste, sendo o dinheiro auferido com a suposta transação empregado na aquisição do imóvel residencial de Ricardo Vieira Coutinho, objeto desta denúncia, dando aspecto de licitude à transação”, diz a denúncia.

Da redação/ Com Wscom PB

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