No dia do rádio, a imparcialidade utópica e o marketing de quem diz praticá-la

Publicado em sábado, setembro 25, 2021 · Comentar 


A imprensa deve ser imparcial; o bom radialista é aquele imparcial; aqui nós somos imparciais”.  Essas frases de efeito são costumeiramente ouvidas diariamente pelos meios de comunicação mundo afora e no Brasil virou “bordão” de marketing de quem nunca praticou a imparcialidade.

Aliás, em que planeta vivem os jornalistas/radialistas imparciais? Eis um excelente questionamento para aqueles que tentam se apresentar imparciais diante de microfones, câmeras e telas de computadores. Não nos iludamos: a imparcialidade é uma busca utópica, pois nossos conceitos são construídos ao longo de nossas vidas a partir de nossa realidade e vivência, o que interfere diretamente no que pensamos, falamos, fazemos e escrevemos.

Para se ter imparcialidade, no caso específico do rádio, o radialista precisaria narrar um acontecimento sem expressar qualquer tipo de reação aquilo que está narrando. Do contrário, até o tom de voz pode influenciar na percepção da imparcialidade ou não.

Álvaro Vargas em artigo publicado sobre esse tema no blog Aldeia, afirma que “a parcialidade se manifesta desde a escolha do título até as expressões, ordenamento das informações e mesmo uma vírgula.”.

O autor diz não ver problema nenhum nisso e que nas redações, nos veículos e entre os próprios jornalistas é quase unanime a concepção de que a imparcialidade não existe e chega a topar um debate com quem discorda dessa concepção concreta do jornalismo brasileiro.

Portanto, os atores do radiojornalismo [mas não só eles] devem deixar de auto propagarem-se imparciais passando a colocar para seu público suas posições ideológicas de forma clara para não parecerem demagogos e hipócritas.

Como diz Alvaro Vargas, o fato de se posicionar claramente, tomar partido e definir posições objetivas não faz o jornalista/radialista menos ético e profissional, pelo contrário. O que se pede desses profissionais é que “eles devam continuar fazendo o seu papel de cobertura dos fatos, com o devido equilíbrio no trato das informações e no respeito à sua audiência.”.

Editorial 
ExpressoPB

 

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