O momento não poderia ser mais impróprio, onde a pandemia da Covid-19, além de acabar com a vida das pessoas, está acabando com a economia e o mercado de trabalho em todo o país, para que a prefeitura de Mari encaminhasse a câmara municipal um projeto de lei para implantar a taxa de cobrança da iluminação pública na conta da população.
Faltou aos que assessoram o gestor o mínimo de ‘bom senso’ para, em sendo dele a ideia, ser reconsiderada pelos fatos acima elencados. Esse é um momento de unidade para encontrar alternativas para enfrentar a crise, em todos os seus aspectos.
Mas se ainda assim, a “idéia” do gestor não fosse demovida, cabia a sua assessoria expor a opinião pública o teor do referido projeto, antes de levá-lo a câmara e explicar que boa parte, ou seja, mais de 70% da população não seria alcançada pela lei da taxação, pois se encaixam na base da pirâmide social, ou seja, integram programas sociais de baixa renda.
Algo pior chega a acontecer quando essa mesma assessoria se quer orienta ao chefe do poder legislativo, já que ele foi o único parlamentar a sair em defesa do projeto, a apresentar argumentos sólidos, convencíveis [ se é que esses existem] e não se expor da maneira como o fez em vídeos que circulam pelas mídias sociais com direito a réplica por parte de populares.
A chegada de projeto desse naipe para a apreciação dos senhores vereadores, sem preparação prévia, viabilizou o ambiente propício que muitos estavam a espera para armar mais um palanque político para acontecer os embates entre o legislativo e o prefeito. Não trata-se de embate entre situação e oposição, porque nesse quesito parece que todos, ou quase todos, os vereadores estão mantendo a mesma linha de raciocínio: atacar o projeto e o executivo em detrimento de “limpar a imagem” dos nobres parlamentares.
Se a cobrança da taxa de iluminação na conta da população é indecorosa, como disse um dos parlamentares, o que dizer do aumento de salário dos senhores, aprovado no final da legislatura passada com “data venia” de suas excelências, com exceção apenas dos novatos?
É de se questionar o comportamento dúbio, ou melhor, o comportamento de conveniência adotado por eles para “pousarem” de defensores da sociedade, mas quando seus interesses não estão em jogo.
Muitos dos que estão alardeando aos quatro cantos de que o projeto da taxa de iluminação é indecoroso são os mesmos que na calada da noite aprovaram e vão receber no ano que vem o gordo aumento em seus salários que passa de cerca de R$ 5 mil para R$ 7 mil, podendo alguns deles receberem entre R$ 9 e 10 mil, a depender do cargo que assumam na mesa da casa.
No entanto, pagar de paladinos da moralidade não cai bem para quem a pouco tempo atrás se deu o direito de, mesmo na pandemia onde todos estão sofrendo com a perda de seus empregos, aumentar seus próprios salários.
Há, entretanto, uma sequência de erros no executivo e no legislativo mariense, mas de fato o que há de registrar-se é a má assessoria prestada ao senhor gestor. O episódio da taxação da iluminação pública foi jogar o político/gestor às feras.
Por fim, não se justifica tamanha ousadia diante de uma crise dessa proporção que assola o mundo.
Da Redação
Editorial