Análise: O poder econômico de Aline e os erros de Renata conceituaram o voto do belenense

Publicado em domingo, novembro 29, 2020 · Comentar 


Não há que creditar a derrocada da prefeita Renata, da cidade de Belém, nas eleições do último dia 15 apenas ao poderio financeiro de sua adversária, a empresária Aline Barbosa. Evidente que teve um peso enorme num processo político onde a grana é fator ‘sine qua non’ para qualquer vitória.

Não se pode esquecer os erros da prefeita quanto a sua condução política, desde o início da gestão até o processo eleitoral, pois gestão e política são coisas desassociáveis, claro que a cada tempo uma ou outra flui com mais intensidade.

Dizia certo colunista do Expresso, em dezembro de 2016, quando analisou o resultado do pleito eleitoral do qual a Dra. Renata saiu vitoriosa, fazendo um comparativo entre a vitória  dela [Renata] naquele momento e a de Adriana Andrade em Pilões em 2012: “Adriana venceu do esquema governista, Renata também. A primeira teve mais de mil votos de maioria, a segunda também. A primeira não fez maioria na câmara, a segunda também. A primeira tinha um carisma impressionante, a segunda também. Eis que o que vai contar mesmo será o final.”, escreveu.

No caso de Renata, o final em nada se parece com o de Adriana, na verdade foi até mais vexatório. Perdeu o pleito por quase dois mil votos de diferença. O resultado de sua votação foram as consequências de suas ações políticas, já que as administrativas são bem avaliadas.

O aceno desavergonhado com a bancada de vereadores que não se elegeu com  ela, mas que logo pularam para dentro do governo com cargos e benefícios que nem mesmo os que vestiram sua camisa naquele pleito de 2016 tiveram o privilégio.

Renata se indispôs com o vice, fala-se que de forma gratuita, sem motivos aparente, escanteou aliados históricos importantes durante o percurso da gestão, foi desagradando a gregos e troianos.

Nesse emaranhado de problemas políticos, a Dra. Renata ainda teve que enfrentar um forte aparato de mídia em seu desfavor durante os quase quatro anos de seu governo. Ela foi ‘açoitada’ pelas duas emissoras de rádio local e bombardeada pelas mídias sociais. Apesar de ter uma boa estratégia de mídia institucional não foi o suficiente para desconstruir a imagem passada para a opinião pública.

Autoconfiante, a Dra Renata, parece não ter muito simpatia para com a mídia, dificilmente concedia entrevista a grandes veículos de comunicação, menosprezava a atividade jornalística e quase nunca respondia a pedidos de informações dirigidas a ela via telefone, whatsaap ou outro contato de mídia social, isolando-se entre a mídia institucional e os embates com as emissoras que lhe faziam oposição.

Nesse cenário de constante conflitos, de outro lado, o grupo da empresária Aline Barbosa se manteve na plateia, assistindo e muitas vezes municiando setores da mídia para desgastarem ainda mais a imagem da prefeita, sem que se expusesse abertamente.

Sob o comando e a orientação de Ricardo Marcelo, o grupo pôs em duvida a candidatura da empresária como forma de não atrair olhares e possíveis embates com a eventual candidata, mais a frente  conseguiu isolar o ex-prefeito Tarcísio que também se colocava como possível candidato e por fim, conseguiu criar o ambiente do confronto direto entre Aline e Renata, apesar das outras candidaturas nanicas.

Ricardo foi o grande mentor da estratégia e atuação de Dona Aline,  mas que esperar do ex-deputado que com sua fala mansa e jeito discreto conseguiu por 3 vezes se eleger presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba sem o apoio do governo? Subestimar a inteligência do inimigo pode ser fatal em qualquer disputa.

Passado o pleito, a futura oposição deve refazer o caminho, analisar os erros do passado e esperar que a gestão da empresária não dê certo, porque do contrário Dona Aline vai passar um bom tempo com as chaves da prefeitura no bolso.

Josinaldo Costa 
Diretor Presidente/ExpressoPB

 

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