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Corte do auxílio emergencial para R$ 300 reduz renda dos mais pobres em quase 20%

A redução do auxílio emergencial para R$ 300 a partir de setembro, a metade do anteriormente pago pelo governo, tem potencial para diminuir em quase 20% a renda domiciliar dos mais pobres, mostram cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com os cálculos do Ipea, se tivesse ocorrido em agosto, a redução do auxílio emergencial teria encolhido a renda domiciliar per capita das famílias classificadas de “renda muito baixa” para apenas R$ 941,53 no mês, 19,41% a menos do que com o benefício do governo.

Para o total dos domicílios do país, se tivesse ocorrido em agosto, a redução do auxílio emergencial teria impactado em -5,2% a renda domiciliar média, para R$ 3.628,49 por mês, mostram cálculos do pesquisador Sandro Sacchet de Carvalho, da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea.

“Os cálculos foram feitos com base na renda de agosto. Pelo ritmo do mercado de trabalho, que temos percebido nos últimos meses, os números em setembro não devem ser muito diferentes, mesmo se a renda do trabalho se recuperar um pouco mais”, explica o pesquisador.

De acordo com ele, os desembolsos do auxílio emergencial em agosto foram de R$ 50 bilhões, segundo dados da Caixa Econômica Federal. Como o auxílio foi reduzido pela metade, o total a ser desembolsado recuaria para R$ 25 bilhões em setembro. Mas o impacto pode ser ainda maior.

“O corte na prática será ainda maior porque em setembro estava em curso uma revisão pelo governo de que pode receber o benefício”, disse Carvalho.

Conforme calculado pelo Ipea, com base em dados do IBGE, cerca de 4,25 milhões de domicílios sobreviveram, em agosto, apenas com a renda do auxílio emergencial do governo. Isso representa 6,2% do total de domicílio do país. Houve ligeira queda na proporção em comparação a julho (6,5%).

Da redação/ Com Valor Investe

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