
Uma família separada por 250 km e pouco mais de três horas de viagem, há cerca de 50 anos, aguarda o fim da pandemia do novo coronavírus para se reencontrar. Os parentes, que moram parte em Santos, no litoral de São Paulo, e parte em Rio Claro, no interior paulista, se localizaram graças a uma postagem nas redes sociais, mas tiveram de adiar a reunião por conta da quarentena.
Moradores de Santos, os irmãos Edwig Maria Batista de Jesus, de 72 anos, e João Francisco da Silva, de 70, estavam desde 1968 sem notícias dos parentes que vivem em Rio Claro. Eles perderam contato por conta da distância, dos rumos da vida e também por mágoas do passado envolvendo o pai deles.
Mas, mesmo depois de tanto tempo, a caçula Rosângela da Silva Ramos, de 52 anos, irmã por parte de pai, nunca perdeu as esperanças de reencontrar a família. Ela e o filho Filipe Silva moram em Rio Claro e, durante a quarentena, decidiram dar um novo passo nessa busca incansável. O jovem entrou em contato com uma página no Facebook e publicou a história da família nos mínimos detalhes.
“Logo no primeiro dia, a postagem teve muitos compartilhamentos. Menos de 48 horas depois, uma mulher me ligou dizendo que conhecia a Edwig. Na hora não acreditei, achei que era trote, mas ela contou toda a história da minha família e me passou um contato. Contei para a minha mãe e quase não dormimos, de tão ansiosos. Na manhã seguinte, minha mãe e minha tia se falaram por telefone, confirmaram que são irmãs, e foi aquele chororô”, conta Filipe.
Desde então, toda a família está com grande expectativa para esse reencontro, que está marcado para acontecer apenas em dezembro deste ano por conta da pandemia do coronavírus. Por alguns serem idosos e pertencerem ao grupo de risco, estão cumprindo rigorosamente a quarentena e não querem correr o risco de ficarem expostos à doença neste momento tão especial.
História da família
Após se separar da primeira esposa, o pai de Edwig e João se mudou para Rio Claro, onde constituiu uma nova família e teve mais dois filhos, sendo um deles a Rosângela. Em 1968, ele retornou para Santos e visitou a primogênita, data em que as irmãs se viram pela única vez. Depois, foi a vez de João fazer uma visita ao pai e ver a caçula. Depois disso, os contatos foram completamente perdidos.
“Me lembro apenas do João, a Edwig só me viu recém-nascida. Cresci com a ideia de reencontrar a minha família e nunca desisti. Depois que me casei, entrei em contato com uma emissora, mas não tive retorno. Os anos foram passando e cheguei a pensar que não fosse mais conseguir, mas a vontade sempre foi mais forte. Até que descobrimos essa página e graças a Deus deu certo. Espero que possamos aproveitar bastante e recuperar o tempo perdido”, conta Rosângela.
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“Fiquei três meses com ela, mas depois voltei para Santos e perdi o contato. Começaram a vir os filhos, trabalho, e não tive mais tempo de viajar. A vontade de reencontrá-la ficou guardada por 48 anos e não vejo a hora de nos vermos pessoalmente, era algo que faltava na minha vida. Só não fomos lá ainda por causa dessa pandemia. Estamos na expectativa, é uma alegria imensa”.
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Edwig também ficou muito feliz com a iniciativa de Rosângela de procurar a família. Ela nunca pensou em ir até Rio Claro, justamente pelos problemas com o pai, mas sempre teve vontade de reencontrá-la. “Foi uma emoção muito grande conversar com ela por telefone, estou muito feliz em conhecer minha irmã e descobrir que tenho outros sobrinhos. Espero que até dezembro essa pandemia já tenha terminado, para que a gente possa dar aquele abraço pessoalmente”, conta.
Enquanto esse dia não chega, eles contam com a tecnologia e com as redes sociais para manter o contato e ‘diminuir a distância’. Pedro Batista de Souza, de 35 anos, conta que a mãe Edwig e os tios fizeram um grupo no WhatsApp e conversam praticamente todos os dias, além dos longos telefonemas e as chamadas de vídeo aos fins de semana.
“Nós, jovens, também estamos muito felizes e ansiosos para conhecer os primos. Por sorte, o Filipe postou a história em uma página da Zona Noroeste, região onde justamente minha família está concentrada. Essa história é algo inimaginável, nunca pensamos que poderia acontecer. Da noite para o dia, a família que já era grande ficou ainda maior”, finaliza.
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