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A CENA SE REPETE
A fome volta a atormentar
O ano era 1997, o hoje extinto Jornal O Norte estampa em sua capa uma reportagem especial sobre a fome no Nordeste brasileiro, em especial na Paraíba, a cidade escolhida foi Mari, localizada a 60 km da capital. Era março daquele ano, a cidade era administrada pela Prefeita Vera Lúcia da Silva Pontes, faziam apenas três meses que o novo governo se instalava na cidade.
Vinte e dois anos depois, a cena se repete em todos os seus aspectos, os mais trágicos possíveis e não falta quem não queira tirar proveito em cima da desgraça alheia. Os urubus da fome e da desgraça estão sempre prontos para atacarem.
Em 1997, O Norte andou a cidade, ouviu as pessoas, falou com a prefeita. “Os problemas do município ocorrem por causa da falta de atenção do Governo Federal […]. Aqui a pessoa tem 50 anos e aparenta ter 70”, disse Vera Pontes a reportagem.
Nessa semana, a TV Cabo Branco exibiu no JPB 2 uma série de reportagem especial sobre a fome e mostrou uma família de Mari que vive em situação de extrema pobreza, confirmando assim os números da pesquisa de Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2019divulgados pelo IBGE no último dia 06 de novembro, dando conta que em 2018 o rendimento dos 10% mais ricos da população subiu 4,1% em 2018 e o rendimento dos 40% mais pobres caiu 0,8%, na comparação com 2017.
Levantamento da consultoria Tendências feito no ano passado e publicado no Jornal Valor Econômico, mostra que, das 27 unidades da federação, 25 tiveram piora da miséria entre 2014 e 2017. Na média nacional, a pobreza extrema avançou de 3,2% em 2014 para 4,8% em 2017, maior patamar em pelo menos sete anos, conforme dados da consultoria.
Em agosto deste ano, com a necessidade de cortar R$ 2,25 bilhões em despesas, o governo Jair Bolsonaro decidiu reduzir os limites de gastos da área social. Segundo o mesmo Jornal Valor Econômico, entre os ministérios, o mais afetado na nova programação orçamentária foi a pasta da Cidadania, responsável pelas políticas sociais, que teve uma redução de R$ 619 milhões.
Diante desses cortes e com a situação econômica se agravando a cada dia, como combater a extrema pobreza e conseguir estancar a fome?
Segundo a Bacharel em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela UFRJ, Erika Rizzo, em artigo publicado no site Politize! (https://www.politize.com.br/fome-no-mundo-como-ser-solucionada/ ) em primeiro lugar, para tratar a fome é importante atacar também a pobreza. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o crescimento econômico dos países é um dos fatores chaves para a redução da fome mundial. Entretanto, é necessário que esse desenvolvimento seja feito de maneira inclusiva, que abranja as populações vulneráveis, promova mais oportunidades de desenvolvimento, melhore a produtividade e a renda dos pequenos produtores e dê mais meios para o sustento de sua subsistência. Assim, a desigualdade social tende a diminuir conforme a distribuição de renda interna aumenta, principalmente no campo.
No mesmo artigo, Rizzo afirma que não se trata a fome e com uma única política pública. É preciso um extenso e contínuo trabalho, um conjunto de ações de curto, médio e longo prazo que sejam multifacetadas – ou seja, que atue sobre diferentes aspectos sociais. É importante destacar que em cada canto do globo a questão envolve diferentes particularidades, assim as soluções criadas devem levar em conta esses fatores, tentando sempre ouvir a voz das comunidades afetadas para se entender de fato o núcleo causador da desigualdade e assim, bolar políticas que ataquem esses problemas. Não existe uma receita de bolo milagrosa.
Em entrevista a EXPRESSO, a Coordenadora do Programa Bolsa Família, Djaciara Moura, falou da dificuldade que o programa vem tendo para atender a demanda de solicitações de inscrição de pessoas ao programa (ver entrevista mais a frente), o que pode estar acarretando ainda mais a problemática no município.
Assim como ocorreu em 1997, setores da oposição se aproveitam da miséria alheia para montarem seus palanques políticos ao invés de apresentarem propostas de políticas públicas para amenizar o sofrimento alheio.
Procurado pela EXPRESSO, o município de Mari respondeu através de sua assessoria que políticas de combate a forme e a pobreza são executadas pela gestão, mas que não são suficientes para sanar a demanda.
Veja AQUI versão original do artigo na
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