Netanyahu caminha para quinto mandato em Israel

Publicado em quarta-feira, abril 10, 2019 · Comentar 


Combinação de fotos do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (D), em 10 de março de 2019, em Jerusalém, e seu principal adversário, Benny Gantz (G), em 1º de abril de 2019

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu caminha nesta quarta-feira para conquistar seu quinto mandato, após eleições legislativas que promoveram a formação de uma coalizão de direita.

Com 96% dos votos apurados, os resultados indicam que o partido de Netanyahu, o Likud, e um grupo de partidos aliados da direita terão entre 65 e 67 cadeiras do total de 120 do Parlamento.

Agora cabe ao presidente Reuven Rivlin considerar, à luz das recomendações dos eleitos, que partido encarregará para formar o novo governo.

Em discurso para partidários em Tel Aviv, Netanyahu disse que a vitória foi “magnífica”.

“O povo de Israel me deu seu apoio para um quinto mandato, e expressou uma confiança ainda maior”, disse o primeiro-ministro, revelando que já iniciou contatos com outros partidos de direita em busca de uma coalizão.

Mas no quartel-general do partido Azul e Branco, o general Benny Gantz, principal adversário de Netanyahu, também cantou vitória.

“É um dia histórico, mais de um milhão de pessoas votaram em nós. O presidente deve nos atribuir a responsabilidade de formar o próximo governo porque somos o partido mais importante”, declarou Gantz.

Segundo a Rádio e TV estatal, o Likud (extrema direita) conquistará 38 cadeiras, contra 36 para a formação de Gantz.

Ambos ficaram longe da maioria absoluta (61 de 120 assentos) e dependiam da votação em outros partidos alinhados.

Mais de 6,3 milhões de eleitores foram às urnas nesta terça-feira para escolher os 120 deputados que os representarão na Knesset (Parlamento israelense).

Negociações

Com os resultados confirmados, um período de intensas negociações para formar um governo de coalizão será aberto nos próximos dias.

Eleições em Israel: o duelo Netanyahu x Gantz: Biografias de Benjamin Netanyahu e Benny Gantz.Biografias de Benjamin Netanyahu e Benny Gantz.

Benjamin Netanyahu, que passou 13 anos no cargo de primeiro-ministro, com o quinto mandato estabelecerá um recorde de longevidade no poder.

O general Gantz, de 59 anos, ex-paraquedista, carregava a experiência como comandante de uma unidade de forças especiais e de ex-chefe do estado-maior das forças de Defesa. Há seis meses, ele não era sequer identificado como político em Israel.

Manobras para vencer

Sem diferenças significativas nos programas do governo entre os dois candidatos, a campanha se tornou um plebiscito sobre a pessoa de Netanyahu, adorada e detestada.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, expressou nesta terça-feira seu desejo de que essas eleições tragam a paz e disse estar preparado para retomar as negociações se o direito internacional for respeitado. Mas, diante dos dados, os resultados que dão vantagem a Netanyahu, o negociador palestino Saeb Erekat disse que os israelenses disseram nas urnas “não à paz”.

“Os israelenses votaram para manter o statu quo. Disseram ‘não’ à paz e ‘sim’ à ocupação”, avaliou Saeb Erekat em um comunicado.

Gantz afirmava que esta eleição era fundamentalmente sobre o fim de anos de divisões e corrupção corporificados pelo primeiro-ministro.

Netanyahu, por outro lado, garantiu que ninguém é melhor preparado do que ele para garantir a segurança e a prosperidade do país.

Em fevereiro, o procurador-geral anunciou a intenção de denunciar formalmente Netanyahu por corrupção, fraude e quebra de confiança, e as pesquisas começaram a oscilar.

Refletindo o clima de hostilidade na campanha, o principal partido árabe em Israel apresentou uma queixa na comissão eleitoral depois que militantes do Likud foram flagrados com câmeras nas seções eleitorais dos setores de maioria árabe. O partido árabe garante que isso foi feito para intimidar os eleitores e o Likud respondeu que o fez para evitar fraudes.

Os árabes israelenses são os descendentes dos palestinos que ficaram em suas terras após a criação de Israel em 1948.

Aproximação com Trump

Os israelenses consideram que Trump ofereceu a Netanyahu um “presente” espetacular durante a campanha eleitoral, reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã, anexadas da Síria.

Netanyahu mencionou sempre que pôde sua proximidade com o presidente dos Estados Unidos.

Ele alimentou ainda mais a polêmica, ao afirmar, desafiando um amplo consenso internacional, que está preparado para anexar assentamentos israelenses na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel por meio século.

Líder de um governo considerado o mais direitista da história de Israel, Netanyahu deve assumir a liderança em uma coalizão ainda mais radical.

Da Redação 
Com Msn/AFP

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