
A fotógrafa Caroline Alencar, 36 anos, descobriu um nódulo no seio em 2015. Foi para Alagoas, estado onde morava com a mãe, para fazer os exames e, diagnosticada, tentou voltou para casa em Fortaleza (CE), onde vivia com o marido. O problema é que ele não aceitou que a mulher em tratamento vivesse com ele. E pior: afirmou que ninguém a quereria careca e sem seios. Ela deu a volta por cima e conta seu relato de como, apesar de ter perdido os dois seios, só ganhou com a doença.
O problema é que minha mãe também teria que largar casa e trabalho para ir comigo. Tentei explicar isso a ele, mas como nada se resolvia, a minha mãe me convenceu a fazer o tratamento em Maceió e, quando terminasse, voltaria para Fortaleza. No fim de agosto comecei a fazer quimioterapia. Contando do dia que eu falei o diagnóstico para ele, ficamos ainda mantendo contato por telefone durante um mês, mas eu estranhava que nunca vinha me visitar.
Ele falou que ficaria comigo e que estava lendo sobre o câncer de mama. Falava que sabia de tudo, que eu ia ficar sem cabelo, que ficaria sem o seio, que perderia a vontade de ter relação sexual. Só que ele ficaria comigo. O tempo foi passando, mas ele não vinha me ver. Lógico que eu comecei a questionar o motivo daquilo. Por mais que ele trabalhasse, eu estava doente. Então, ele resolveu terminar o nosso relacionamento por telefone mesmo.
Já estava arrasada por conta do tratamento e ser abandonada naquele momento foi terrível. O pior ainda estava por vir. Ele falou que ninguém iria me querer daquele jeito. Já havia pedido uma foto para ver como eu estava, mas não dei o gostinho dele me ver careca. Passou então a mandar fotos dele com outras mulheres, em farras, bebendo. Foi uma tortura. Ele me infernizou de várias formas. Demorou muito para mandar as minhas coisas e quando mandou, faltava muito do que eu tinha na minha antiga casa.
Depois de nove meses, consegui voltar a Fortaleza para pegar o que faltava. O meu ex usava o meu carro e eu precisava vender até para arcar com as despesas do meu tratamento. Combinamos em um estacionamento de um supermercado. Quando cheguei, não o encontrei. Ele havia deixado a chave no pneu do carro. Já tinha assumido o relacionamento com outra mulher. Não posso falar que o nosso casamento era maravilhoso. A gente tinha problema sim, mas quando eu embarquei para Maceió, antes de saber do câncer, estávamos bem.
Eu falo que doeu muito, mas hoje agradeço a Deus por ter me livrado dele. Comecei a pensar que o mais importante não era a minha tristeza e, sim, a minha saúde. Eu tirei os dois seios, um por causa do câncer e outro por prevenção. Mesmo assim, hoje, posso falar que não perdi nada, só ganhei. Desde então moro com a minha mãe e sou cercada pelo carinho da minha família. Não casei, mas também não me fechei para o amor. E ele, como viu que estou bem e recuperada (temos alguns amigos em comum no Facebook), tentou me ligar (mesmo casado com outra). Mas quem não quer escutar a voz dele agora sou eu.”
Fonte: Universa





