
Nesta segunda-feira (27/11), professores e estudantes de Educomunicação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) divulgaram um texto coletivo no qual denunciam o que chamam de “desmonte” da instituição e, especialmente, do curso de Comunicação Social. No manifesto, eles admitem que o curso pode fechar.
Os cursos de Comunicação Social com linha de formação em Educomunicação, diurno e noturno, da Universidade Federal de Campina Grande possuem avaliação 4 estrelas – de 5 – no Guia do Estudante (Editora Abril) e 4 na avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (INEP/MEC). Um desempenho significativo para um curso iniciado em 2010 como parte das ações do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) do então Governo Federal. No entanto, essa performance acontece apesar de importantes restrições para seu funcionamento básico:
1) O novo prédio da Unidade Acadêmica de Arte e Mídia está em construção há sete anos. A segunda etapa de retomada da obra tinha finalização prevista para 2016, conforme Plano de Desenvolvimento Institucional da UFCG (PDI) (ver link: http://www.ufcg.edu.br/administracao/documentosOficiais/PDI%20da%20UFCG_outubro%20de%202014.pdf). No entanto, apesar da estrutura física estar concluída, o prédio corre o risco de passar por novas reformas, uma vez que não pode ser plenamente ocupado por falta de ramais telefônicos, acesso à internet, aparelhos de ar-condicionado, elevador e mobiliário.
2) Desde 2012, a coordenação do curso solicita todos os anos equipamentos como câmeras de foto e vídeo, iluminação, filtros, lentes, gelatinas, tripés, rebatedores, entre outros. Nenhuma das solicitações foi atendida ou sequer respondida tanto pelo Centro de Humanidades quanto pela Reitoria da UFCG. Atualmente, 220 alunos estão matriculados no curso e só há duas câmeras em funcionamento, ou seja, um equipamento fotográfico para cada 110 alunos.
3) Duas disciplinas no horário diurno e três no noturno estão sem professores. A nova normativa que rege a contratação de professores substitutos é extremamente prejudicial ao processo ensino-aprendizagem, atividade fim da universidade. Ela não permite a renovação dos contratos e impossibilita que professores substitutos possam ser recontratados em caso de afastamentos consecutivos. Um professor substituto acabou de ser dispensado. Ele poderia perfeitamente suprir a carência em pelo menos duas das disciplinas que estão sem professor para lecionar. Atualmente, sete professores efetivos, um substituto e cinco de outros departamentos ministram 38 disciplinas nos dois cursos. A sobrecarga horária dos professores em sala de aula, não lhes permite cumprir as demandas de pesquisa e extensão.
4) Não há técnicos de áudio e vídeo para auxiliar os alunos dos dois cursos.
5) No Campus sede há falta de iluminação, o que coloca em risco a integridade física de professores, alunos e funcionários nos cursos noturnos. Como medida paliativa, à noite, os portões secundários foram fechados para controlar o acesso ao campus. Além disso, há prédios sem condições estruturais: equipamentos de ar condicionado quebrados, sem manutenção. Faltam equipamentos básicos como projetores multimídias e caixas de som. Conexões à internet que não funcionam. Instalações elétricas antiquadas e banheiros com vazamento nas pias e vasos sanitários.
Os alunos em curso e já formados, desenvolvem sua capacidade argumentativa e criticidade e formam um conjunto de profissionais da comunicação com um perfil diferenciado. Pelas razões apresentadas, alunos e ex-alunos estão engajados para cobrar a resolução dos problemas. Em vídeos nas redes sociais e em campanhas os alunos denunciam o sucateamento das universidades públicas brasileiras. Os professores dos cursos respaldam os alunos, participam dessas campanhas e dão todo o suporte à causa que é de todos os segmentos e cursos.
Rafael San com Assis Souza – Professor da UFCG
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