Vivemos uma crise política, é óbvio. Começamos a rever conceitos até então indiscutíveis como; redemocratização e até mesmo democracia. Um dos principais problemas de nosso sistema político é ausência de participação dos cidadãos nas decisões políticas. O sistema é fechado, e as poucas brechas não são totalmente aproveitadas. Diante disto, me alegro ao ter conhecimento de um projeto de iniciativa popular; ‘’Água para quem tem sede’’ idealizado pelo radialista Ary Rodrigues da cidade de Duas Estradas – PB. Desde que foi divulgado, o projeto foi abraçado pela população do brejo.
É inegável que o projeto é ambicioso. Ele tem como objetivo ‘’A construção de uma adutora de Guarabira – PB, à barragem senador Humberto Lucena de Pirpirituba – PB, suprindo a necessidade de mais de 59 mil habitantes na região do brejo paraibano. ’’ Mesmo sendo considerado por muitos uma utopia, o projeto vem ganhando força e apoio popular. Isso sinaliza um interesse da população em resolver, ou melhor, interferir nos assuntos que lhes convêm. É um exercício de democracia. Democracia esta, que parecia tão óbvia no início do milênio. Até que ponto podemos interferir na coisa do povo? O conceito de Democracia e a coisa democrática parecem guardar distâncias significativas. Como teorizou Reinhart Koselleck os sentidos das palavras se alteram ao longo do tempo. Estão inseridos em processos e contextos históricos. Qual o conceito de democracia que temos no Brasil. Estas discussões durante muito tempo adormecidas começam a despertar do sono da inércia.
O fato é que o projeto ‘’Água pra quem tem sede’’ foi bem sucedido desde que foi criado. Ele nos mostra a tentativa de interferência direta da população. Assinando, divulgando e discutindo. Que este projeto seja semente neste solo árido que entendemos como democracia.
Júlio Cesar Miguel
Acadêmico de História
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