Não são todos que podem comemorar uma segunda chance na vida. Charles Chenko, felizmente, faz parte da minoria. No último sábado, o atacante do Fast chocou-se de cabeça com o zagueiro Victor, do Nacional, ainda no primeiro minuto do clássico Pai e Filho e, após ter convulsão e sofrer um princípio de parada cardíaca no gramado, o camisa 17 foi encaminhado diretamente ao hospital, onde permaneceu até a manhã desta sexta-feira. De alta médica, depois de seis dias, ele conversou com a Rede Amazônica e relembrou um dos piores momentos de sua vida.
O jogador disse, inclusive, que chegou a sofrer uma amnésia de aproximadamente 24 horas durante sua internação. A situação foi tão grave que, de acordo com Chenko, nem mesmo o médico acreditava em sua sobrevivência: ”Cheguei tão roxo, que o doutor considerou desligar os aparelhos”.
– Eu apaguei, depois não me lembrei de mais nada. Fui voltar a lembrar de algo por volta do meio-dia. Felipe (companheiro de clube e amigo) começou a me contar, onde eu estava, como cheguei ali. Fiquei desesperado, pedi para ele me tirar de lá. Devagarzinho, fui lembrando alguns momentos – disse, e continuou:
– Na segunda-feira, quando o médico veio falar comigo, virou para mim e falou que não acreditava na minha sobrevivência. Ele sabia que eu estava chegando, mas que poderia desligar os aparelhos a qualquer momento, pois eu estava bastante roxo, bastante fraco. Os médicos já estavam desacreditados sobre minha pessoa. Foi quando Deus colocou a mão sobre o meu peito, as pessoas oraram bastante, e Deus viu que não era minha hora ainda – acrescentou, visivelmente emocionado.
Com olho ainda roxo por conta do coágulo cerebral, Charles tem noção do risco que correu. Sabe da sorte que teve por sair, apesar de todos os males, são e salvo. Ele acredita que ganhou uma segunda chance, e não quer desperdiça-la. Mesmo considerando as precauções, ele pensa em retornar o mais breve possível aos gramados. Por ele? Na semana que vem.
– Vou ter um acompanhamento no hospital Getúlio Vargas, de 15 a 15 dias, mas jogar mesmo apenas daqui a 30 dias. Se fosse por minha vontade, semana que vem já estaria jogando. Mas agora não dá para brincar. Depois dessa batida na cabeça, que foi algo mais sério, então vou fazer o tratamento de forma certa. Se for da vontade de Deus voltar antes do fim da competição, vou estar apto para a Série D – disse o jogador, ao ressaltar que acompanhar o time em todos os jogos, apoiando os companheiros no vestiário.
No sábado, dia 1º, com um minuto de jogo entre Fast e Nacional, pela 11ª rodada do Campeonato Amazonense, o jogador fastiano, Charles Chenko, sofreu convulsão e início de parada cardíaca após uma pancada na cabeça. Os médicos de Fast e Nacional, por meio de massagem cardíaca conseguiram reanimar o jogador antes de colocá-lo na ambulância. O atleta seguiu para o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do Alvorada, próximo do estádio, e depois foi transferidos, sob sedativos, para o Ponto Socorro João Lúcio, na Zona Leste de Manaus.
Charles foi diagnosticado com um hematoma extradural pequeno na região temporal. No caso, um pequeno coágulo no lado esquerdo do cérebro. A chance de sequelas é quase inexistente. A equipe médica retirou os sedativos e desentubou o atacante no início de domingo, um dia após o incidente.
O neorologista do hospital João Lúcio chegou a liberar o atleta na quarta-feira, mas o jogador teve que ficar até esta sexta, a pedido do clínico geral, que identificou um problema renal devido à queda e por isso teve que ser medicado.
* Colaborou Marcos Lima e Nonato Costa, da Rede Amazônica
Globo Esporte