Brasileiros levam ‘Copa do Mundo da robótica’: ‘Ouvi Brasil e saí correndo’

Publicado em terça-feira, maio 23, 2023 · Comentar 


Lara (esquerda), Nathalya, Matheus, professora Cristiane (meio), Gabrieli, Vitor e Sury (direita) exibem medalhas de prêmio mundial de robótica dos EUA

Uma equipe de cinco alunos do ensino fundamental da Escola Municipal Heitor Villa-Lobos, da Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre (RS), conquistou o First Lego League Explorer (FLL), competição considerada a ”Copa do Mundo da robótica” para crianças de seis a dez anos.

Vencedores da categoria “Melhor Modelo de Solução”, os estudantes foram os únicos representantes de uma escola pública na disputa, realizada em Houston, no estado norte-americano do Texas. Eram 56 equipes de diferentes países concorrendo em diversas modalidades, como programação de robôs e valores fundamentais.

“Bah, eu estava muito ansioso. Não nos chamavam nunca. E eu não entendia o que diziam em inglês. Só ouvi a palavra ‘Brasil’ e saí correndo, bem alegre”, contou a Tilt Matheus da Rocha, 9, sobre os minutos de ansiedade antes do anúncio.

Além dele, a equipe, com alunos do 4º e 5º ano do ensino fundamental, era formada por: Nathalya Gonçalves, 10; Vitor Machado, 10; Lara Hoffmann, 10; Sury Rafaelle Alves da Silva, 9.

É muito legal para eles, nessa idade, estar aprendendo sobre isso [robótica]. Muitas crianças, infelizmente, não têm essa oportunidade. Há escolas particulares que têm mais recursos financeiros para investir em pesquisa, nos estudantes etc. Me orgulho muito em ver os alunos da nossa escola pública, com pouquíssimos recursos chegar a um campeonato mundial nos Estados Unidos, é muito gratificante’ , diz Gabriele Welter, 15, estudante que acompanhou o grupo como monitora, junto da professora Cristiane Pelisolli Cabral, 45… –

O projeto vencedor

Os ”Lobóticos”, como são conhecidos os estudantes de robótica da escola Heitor Villa-Lobos, criaram um projeto para criar energia sustentável e renovável em um ambiente urbano.

”Criamos uma maquete com energias renováveis, uma pracinha. Pensamos em conjunto, nas energias mais limpas, como a energia solar, eólica e a do movimento. Todos os brinquedos que estão aqui [ela aponta para a maquete], possuem uma plaquinha superpower, que são os objetos que geram energias limpas”, explicou a pequena campeã Nathalya Gonçalves, orgulhosa com a medalha pendurada no pescoço.

A curiosa maquete, intitulada “Parque do Futuro”, foi toda construída por bloquinhos do kit de robótica da Lego. O espaço de lazer e entretenimento pensado para a comunidade onde eles vivem tem postes de luz com placas solares, que servem para captar a energia do sol para iluminar o local à noite, por exemplo.

“No início, robótica era apenas montar um robô [risos] e brincar com as peças do Lego, mas é muito mais que isso, porque você se diverte e ao mesmo tempo aprende. Vai despertando a curiosidade. Estudando antes da competição, eu aprendi o que são as energias renováveis e como podemos aproveitá-las”, Nathalya Gonçalves.

Ela pretende continuar a desenvolver projetos de robótica na escola. “Meus pais ficaram orgulhosos de mim e me aconselharam a continuar em frente, pois irá me ajudar muito no futuro.”

Os desafios

Vitor Machado, 10, integrante da equipe, lembrou durante o papo na sala de aula que a criação do projeto foi complexa, principalmente no momento de construir a área de recreação, um espaço fechado dentro da praça, que abriga churrasqueiras, mesas, cadeiras e espaço para banho.

”Tivemos que montar, desmontar e montar de novo, porque a janela ou a porta não estavam bem colocadas. Foi bem cansativo”, disse.

Robótica em sala de aula

A escola Heitor Villa-Lobos oferece robótica como uma disciplina complementar há 16 anos, contou a professora Cristiane Pelisolli Cabral.

Ainda que não seja uma matéria obrigatória, as aulas possuem mais alunos interessados do que vagas disponíveis, completou.

Desde 2021, mais de R$ 111 milhões foram investidos em recursos de inovação na rede municipal de ensino, apontam dados da Secretaria da Educação de Porto Alegre.

A Prefeitura de Porto Alegre custeou passagem aérea, estadia e alimentação durante os dias do campeonato, entre 19 a 22 de abril.

Nasa e Disney

Pela primeira vez nos Estados Unidos, onde ficaram por dez dias, os estudantes aproveitaram para fazer uma visita guiada à Nasa, patrocinada pela Câmara Texana de Comércio. Ainda foram para Orlando, na Flórida, curtir os parques da Disney. As despesas com ingressos do parque de diversões foram pagas por meio de uma ”vaquinha” criada pelos pais e outros alunos, venda de lanches e rifas de duas camisetas autografadas pelo atacante uruguaio Luis Alberto Suárez, que agora veste a camisa 9 do Grêmio.

Competição com Lego A competição é organizada mundialmente pela First Lego League, da Dinamarca. Cada temporada possui normas específicas, que os estudantes devem seguir ao construir robôs com a tecnologia LEGO Mindstorm. Eles devem ser programados para cumprir uma série de missões, que também mudam ano a ano. Para participar, as equipes devem ter de dois a dez participantes, que podem estar associados a uma escola, um clube ou uma organização. Também pode ser formado por um grupo de amigos. Há categorias diferentes para faixas etárias distintas.

Redação/Uol-Tilt

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