Ela trocou a confecção da família pelo sonho de ser cozinheira e hoje tem confeitaria de inspiração coreana

Publicado em segunda-feira, maio 1, 2023 · Comentar 


Veronica Kim empreende com confeitaria desde 2017, mas abriu seu ateliê no bairro paulistano de Santa Cecília em 2021/ Foto Divulgação

O empreendedorismo faz parte da vida de Veronica Kim, 33 anos, desde sempre. Ela é filha de imigrantes coreanos que fundaram no bairro paulistano do Bom Retiro uma confecção de roupas femininas de sucesso, a Stazione. Quando os pais, Young Am Kim e Eliane Ko, decidiram morar na Coreia do Sul em 2017, esperavam que Veronica ficasse responsável pela marca, já que trabalhava no negócio desde muito jovem. Mas seu sonho sempre foi ser cozinheira. “Eu disse: ‘Vocês fecham ou vou falir a empresa’, e eles fecharam”, conta ela.

Vivendo apenas com o irmão, ela passou a criar doces na cozinha de casa e logo começou a realizar grandes encomendas, como para casamentos. Hoje, a confeitaria By Kim tem um espaço de produção no bairro de Santa Cecília, em São Paulo (SP), e fatura por volta de R$ 40 mil por mês com foco em cheesecakes e folhados que misturam técnicas francesas e asiáticas.

sucessão do negócio de roupas foi um tema sensível na família. Veronica chegou a cursar moda, mesmo não querendo exercer profissões relacionadas, apenas para se preparar para um dia liderar a Stazione. Ela acabou desistindo do curso no último semestre. O sonho de ser cozinheira não era apoiado, a princípio, pelos pais. “Meu pai tinha falas machistas, dizia: ‘Quer cozinhar, vai casar'”, lembra ela. Mas tudo mudou depois que a confeitaria caseira de Veronica começou a dar certo e a ficar conhecida na comunidade coreana.

Até então, as encomendas de festas estavam dentro do repertório da confeitaria tradicional, incluindo brigadeiros e camafeus. Em 2018, depois de fazer os doces para o casamento de uma conhecida coreana, o pai de Veronica a chamou para conversar. “Fui até a Coreia, pensando que ele diria que me daria uma loja”, diz ela sobre a expectativa. Mas o pai ofereceu algo diferente do esperado.

“Ele falou: ‘Estou vendo que seu negócio está dando certo, parabéns. Agora, você vai parar tudo e estudar. Qual é a melhor escola?’. Eu disse que era a Le Cordon Bleu“, conta ela sobre o apoio do pai para sua capacitação. Ele faleceu em 2021, pouco antes de Veronica se formar.

Foram as viagens à Coreia entre 2017 e 2021 que inspiraram a confeiteira a criar suas receitas. “Na Coreia, os doces são lindos, mas não têm gosto de doce. Minhas criações são doces ‘na medida'”, diz ela. A empreendedora conta que em uma visita a um café de estrada, no interior da Coreia do Sul, provou o melhor cheesecake da sua vida. Pensando nele, desenvolveu sua própria receita.

Hoje, a By Kim tem quatro sabores de cheesecake: original, matchá coreano, cookies and cream e trufas negras. “Esse último é o mais polêmico: amam ou odeiam”, brinca Kim. O cheesecake é vendido em dois tamanhos, grande (por R$ 210) e pequeno (R$ 83), ou por fatia (R$ 39).

Cheesecakes da By Kim — Foto: Divulgação

Cheesecakes da By Kim — Foto: Divulgação

Carré palmier: receita francesa se popularizou na Coreia do Sul, de onde a confeiteira tirou inspiração, criando uma versão menor para o público brasileiro — Foto: Divulgação

Carré palmier: receita francesa se popularizou na Coreia do Sul, de onde a confeiteira tirou inspiração, criando uma versão menor para o público brasileiro — Foto: Divulgação

Bolo de nozes decorado com figos da By Kim — Foto: Divulgação

Bolo de nozes decorado com figos da By Kim — Foto: Divulgação

No setor de massas folhadas, o produto mais famoso é o Carré Palmier – um quadrado do doce francês palmier, muito comum na Coreia. “Lá, eles vendem um carré muito grande. O meu é do tamanho de uma bocada”, diz. Há no cardápio as versões do doce banhado em chocolate meio amargo com flocos de sal ou coberto de chocolate branco. A unidade sai por R$ 17,50.

Atualmente com quatro funcionários, o desejo da empreendedora é sair do modelo de produção delivery e retirada e abrir uma loja com salão para consumo. “Preciso aumentar o espaço, ser um lugar para as pessoas sentarem e tomarem um café. E continuar na Santa Cecília”, diz.

Redação/PEGN 

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