Em tratamento contra câncer, professora de João Pessoa desabafa nas redes sociais e relata espera na “fila da morte” por auxílio-doença

Publicado em terça-feira, abril 25, 2023 · Comentar 


A professora paraibana Gabriela Teixeira Adloff usou as redes sociais e fez um desabafo para chamar a atenção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e conseguir o auxílio-doença. Conforme apurou o ClickPB, Gabriela mora em João Pessoa e luta contra um câncer no fígado há dois anos. Ela afirma que precisa do benefício para continuar o tratamento, já que está desempregada desde que descobriu a doença. Segundo a professora, os médicos já aprovaram o laudo duas vezes, mas o processo é sempre negado sem justificativas quando chega na instância administrativa.

“Eu acredito que isso é uma política de quem decide quem morre e quem vive. Precisamos do benefício para poder lutar pela vida, mas temos esse direito negado. Além de estarmos na fila da morte, quando a gente finalmente consegue um atendimento, o médico realmente vê que você está doente, faz o laudo, aprova e é negado”, disse Gabriela em um vídeo publicado nas redes sociais.

Gabriela afirmou que a medida em que foi tratando a doença, descobriu que o tumor era inoperável, mas que conseguiu encontrar um médico especialista para atender o caso dela em São Paulo. A professora contou com a ajuda da família e dos amigos para fazer a cirurgia e se manter no outro estado. “Fui para São Paulo e morei lá por sete meses, graças a uma vaquinha que os familiares e amigos se juntaram e reuniram dinheiro. Foi o que me sustentou. Foi uma cirurgia muito complexa. Demorou 15 horas. Meu fígado foi tirado do corpo e operado na bancada. Como estava praticamente inutilizável, com um pedacinho da parte boa os médicos reconstruíram e fizeram um fígado novo”, lembra.

De acordo com a professora, o câncer já chegou em nível de metástase e surgiram outros tumores nos pulmões. “O fígado cresceu, mas eu já estava com metástase e tinha um tumor no pulmão direito”, afirma.  Ela relatou que no período em que ficou em São Paulo não fez quimioterapia e devido a isso o tumor cresceu. “São vários nódulos. Eles cresceram e agora tô com um derrame pleural, com água no pulmão. O lado direito do pulmão não funciona”, relata. Por conta disso, Gabriela ainda disse que precisa fazer uma ressonância magnética, que custa em torno de mil reais.

Desempregada e mãe de uma menina de sete anos, Gabriela disse que na época que descobriu a doença estava trabalhando em três escolas, mas precisou se afastar para tratar a doença. “Consegui me afastar pela junta médica depois que o contrato venceu, eu entrei com o pedido de benefício pelo INSS. O médico que fez o laudo aprovou o benefício durante um ano, mas na instância administrativa foi negado”, relata.

Vivendo em uma rotina dividida em entre os cuidados com a saúde em meio às sequelas da quimioterapia e a criação da filha, a professora desabafa: “Eu tô sem renda, dependendo de ajuda para fechar minhas contas e não consigo arrumar trabalho com o estado de saúde que estou. Eu tô com câncer espalhado pelo corpo e não consigo subir um lance de escada sem ter palpitação, nem fazer uma caminhada sem meu coração acelerar. Sempre estou pedindo ajuda porque eu não tenho renda.”

Após as dificuldades em conseguir o auxílio-doença e ter o direito ao benefício negado duas vezes, Gabriela precisou acionar a justiça como última alternativa. “Agora eu estou com um advogado para tentar acessar esse processo e entender o que ta acontecendo, por que que o processo é indeferido. A gente entrou com uma ação judicial e mais uma vez estamos esperando, dessa vez pela liminar”, lamenta.

Mesmo com todas as dificuldades que tem passado por causa da doença, a professora se diz grata por estar viva e pede que o vídeo seja compartilhado chegue aos órgãos competentes para que outras pessoas que passam pelo mesmo problema tenham o direito garantido. “Eu quero que os nossos direitos sejam respeitados. Não estou pedindo um favor, estou pedindo justiça. Peço a todos que estão vendo esse vídeo agora para que repassem esse vídeo. Eu quero que esse vídeo chegue aos olhos e aos ouvidos das pessoas que são  responsáveis. A gente ta aqui lutando pela vida, a gente não é invisível”, desabafa.

A redação do ClickPB procurou a Gerência Executiva do INSS em João Pessoa, e a assessoria do órgão informou que o processo de Gabriela Teixeira Adloff está em análise e que em breve sairá a resposta definitiva. A assessoria afirmou ainda que se o direito for reconhecido, a professora terá o benefício implantado de imediato.

Auxílio-doença

É o benefício pago ao segurado que precisa se afastar do trabalho por mais de 15 dias.
Para requerer o benefício por incapacidade temporária – antes conhecido como auxílio-doença – o segurado precisa estar contribuindo para a Previdência Social ou encontrar-se no período de graça, que é o intervalo em que seus direitos estão mantidos.

A avaliação da incapacidade do segurado é feita pela perícia médica que vai indicar, inclusive, o período recomendado de afastamento.

Para solicitar o benefício, o solicitante precisa baixar o aplicativo Meu INSS ou acessar o site https://meu.inss.gov.br.

 

Redação/ClickPB

Comentários