O homem de 25 anos que matou 4 crianças em uma creche na cidade de Blumenau (SC) exaltava nas redes sociais o ex-presidente Jair Bolsonaro e o falecido escritor Olavo de Carvalho.
No Facebook do criminoso há também diversas postagens entusiasmadas relacionadas ao armamento. O Pragmatismo não irá divulgar a foto ou nome do assassino, pois ter a identidade revelada é um dos objetivos dos autores de massacres em escolas. É assim que eles se tornam famosos e venerados na chamada ‘dark web’ — o submundo da internet — e viram inspiração para outros ‘incels’.
Em uma das publicações, o autor do massacre compartilha uma postagem da página ‘Bolsonaro Blumenau’, que relaciona positivamente o ex-presidente a personagens do filme Os Vingadores. Em outra postagem, o assassino compartilha uma série de motivos para votar em Bolsonaro. Em uma terceira publicação, o criminoso compartilha um texto de Eduardo Bolsonaro segurando um fuzil.
Na manhã de hoje, poucas horas antes do ataque, o criminoso publicou no Facebook uma mensagem de agradecimento a um policial, que ele cita como o ‘coordenador’ do atentado. “Policial ******** que comandou o ataque, resistência manda um salve!”.
A Polícia Civil informou que apura o envolvimento de outras pessoas. “A gente quer identificar se tem mais algum participante, se mais alguém participou, como ele tramou esse plano, onde ele obteve informações”, disse o delegado geral de Santa Catarina.
Ao saber que o autor do massacre militava a favor de Bolsonaro, apoiadores do ex-presidente tentaram contra-argumentar nas redes. “Se ele é bolsonarista não me importa, pois na prática a esquerda é quem defende leis mais brandas que favorecem criminosos, enquanto nós queremos que apodreçam e morram na cadeia”.
Doutor em Ciências Sociais, Rudá Ricci afirma que é impossível desassociar o ataque ao clima de ódio que se instalou no Brasil nos últimos anos. “Jair Bolsonaro obteve 75,28% dos votos em Santa Catarina no segundo turno das eleições do ano passado. Não se trata de uma coincidência: trata-se de um ambiente contaminado pelo discurso da autorização da violência”, afirmou.
Segundo o coronel Diogo do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, o criminoso pulou o muro com uma arma branca: “Ele estava com uma machadinha e desferiu golpes nas crianças, especialmente na região da cabeça”.
O ataque aconteceu na Creche Cantinho Bom Pastor, que é uma unidade privada de ensino. As crianças mortas tinham entre 3 e 7 anos e outras quatro crianças ficaram feridas e precisaram ser internadas em hospitais.
O ataque ocorre menos de dez dias após uma escola em São Paulo ser alvo de um aluno adolescente que matou uma professora com golpes de faca e deixou outras três feridas, além de um estudante. Desde 2011, mais de 10 escolas foram atacadas por criminosos no Brasil.