Mulher volta para o ensino médio aos 50 anos e aos 64, passa na prova da OAB

Publicado em segunda-feira, fevereiro 27, 2023 · Comentar 


Depois de ter parado de estudar na 4° série, a mulher deu a volta por cima e hoje é formada em Direito. 

Infelizmente, muitas pessoas ao redor do mundo não conseguem concluir seus estudos, geralmente, por falta de oportunidade ou condições financeiras. Mas essa senhora provou que todo mundo é capaz, basta perseverança e dedicação!

Segundo entrevista ao Universa, Marina Neves contou que se casou e teve filho antes de completar 18 anos, mas antes mesmo disso, já havia parado de estudar na 4ª série, pois precisava cuidar da família e dos filhos. Quando completou 40 anos, Marina teve netos e passou a cuidar deles também, mas nunca tinha passado por sua cabeça em volta a estudar, por conta da idade avançada.

Nascida em Bilac (SP), quando tinha 4 anos, Mariana se mudou com a família para Bauru, onde seu pai trabalhava. Aos 7 anos, porém, seu pai faleceu, enquanto sua mãe era a única provedora do sustento da casa, trabalhando como doméstica. Logo, por conta das dificuldades financeiras da família, Mariana também começou a trabalhar de empregada na casa de sua professora, além de ajudar a cuidar de seu irmão mais novo.

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Direitos autorais: Arquivo pessoal.

Aos 16 anos, Mariana acabou se casando e logo teve o seu primeiro filho. Aos 22 anos, a mulher engravidou pela segunda vez e assim, foi criando seus filhos, enquanto o marido, Sergio, trabalhava na indústria têxtil. Quando seus filhos se casaram, ambos deram a ela netos, que foram cuidados por ela. Além disso, durante 5 anos, o sogro de Mariana, que tinha 90 anos, teve a saúde debilitada e acabou morando com o casal, onde a mulher precisou cuidar dele até o dia em que faleceu.

Certo dia, refletindo sobre o seu tempo ocioso, Mariana percebeu que poderia fazer algo para movimentar sua vida e assim, resolveu retomar os estudos. Conversando com seu marido, a mulher o questionou sobre ela voltar a estudar, recebendo apoio imediato. Então, com a ajuda de alguns amigos, Mariana, aos 52 anos, se matriculou no EJA de Bauru e conseguiu terminar o fundamental, com o incentivo de seus professores e funcionários da escola. Na escola Anibal Difrância, a senhora ficou de 2010 a 2012 para conquistar o diploma.

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Direitos autorais: Arquivo pessoal.

Animada com os estudos e tudo que estava aprendendo, no ano seguinte Mariana se matriculou na escola Doutor Luiz Zuiani, e conseguiu concluir o ensino médio em meados de 2014. Adaptada com a rotina estudantil, Mariana começou a traçar planos para fazer faculdade, desafiando qualquer crítica que houvesse no caminho.

Faculdade de Direito

Como sempre teve interesse pela área jurídica, Mariana conversou com seu amigo pastor para realizar testes vocacionais, e só assim teve a certeza de que o curso escolhido tinha que ser Direito. Logo, em agosto de 2014, Mariana se matriculou e começou a faculdade de Direito na IESB-PREVE, que depois se tornaria UNIESP, cursando 5 anos de faculdade.

Mariana era a aluna mais velha da classe, porém, com a ajuda dos professores e muita dedicação e abdicação, em julho de 2019, ela se formou na universidade. Segundo ela, foi um dia extremamente feliz de um ciclo muito importante que estava se encerrando. Com o diploma em mãos, após vários anos em que ficou sem estudar, Mariana estava contente e orgulhosa por ter conseguido mudar sua história.

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Direitos autorais: Arquivo pessoal.

Mesmo tendo conquistado tudo o que queria, Mariana não se deu por vencida e decidiu fazer a prova da Ordem Advogados do Brasil (OAB). Mesmo estudando muito, Mariana não conseguiu passar na 1ª fase da prova da ordem por apenas 1 ponto, mas não desistiu. Se inscreveu novamente, prestou a 1ª fase, conseguiu 49 pontos e passou para a 2ª fase em Direito Penal, mas não teve êxito. Isso aconteceu por mais duas vezes, mas finalmente, a senhora conseguiu receber sua carteira de advogada.

Na ocasião, Mariana teve consciência de sua representatividade, já que era a única mulher negra com idade avançada no evento. Agora, aos 64 anos, a advogada deseja realizar sua pós-graduação em Direito Penal e se especializar na Lei Maria da Penha. Além disso, ela quer que sua história sirva de exemplo e inspiração para outras mulheres.

Da Redação
Com Sandy Cunha

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