MEC diz que ainda não finalizou contrato para fazer o Enem digital; veja o que se sabe sobre a prova

Publicado em sexta-feira, dezembro 4, 2020 · Comentar 


O Ministério da Educação (MECainda não fechou o contrato para fazer a versão digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Os custos também não estão definidos.

A pouco menos de 60 dias da prova, o contrato ainda está em fase de finalização, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do MEC responsável pela realização do Enem.

As provas estão marcadas para 31 de janeiro e 7 de fevereiro, após a realização da versão impressa, que será em 17 e 24 de janeiro.

Mais de 96 mil pessoas (1,7% do total de 5,8 milhões de candidatos) estão inscritos no Enem digital, que será feito pela primeira vez, em um projeto-piloto, nesta edição. A ideia do MEC é tornar a prova totalmente digital até 2026.

Mas, para que o projeto-piloto seja realizado, ainda é preciso alterar o contrato do exame impresso, fechado com a Fundação Cesgranrio, e incluir os detalhes sobre a versão digital.

Quando o projeto-piloto do Enem digital foi anunciado, o Inep informou que estimava investir cerca de R$ 20 milhões, e que não pretendia comprar novos computadores, mas sim usar equipamentos de instituições de ensino localizadas nas cidades participantes.

Para o doutor em educação Ocimar Alavarse, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave), da Universidade de São Paulo (USP), o atraso pode colocar em risco a segurança da prova.

“O problema envolve toda a logística da prova: preparação do local, dos dispositivos, a transmissão dos dados, o processamento das informações. Para isso, precisam ser feitos testes, e em dois meses, isso pode ficar comprometido. Em tese, a empresa só poderá fazer tudo isso quando tiver assinado o aditamento”, afirma.

O que se sabe e o que ainda é dúvida sobre o Enem digital:

  • A prova digital é equivalente à prova impressa?

O Inep não divulgou estudos ou pesquisas sobre como fará a equivalência das provas, para que o nível de dificuldade seja igual tanto na prova impressa, quanto na digital.

Segundo Alavarse, isso poderia ser feito “calibrando” as questões antes da aplicação oficial do Enem, em pré-testes, o que garantiria a lisura do processo.

“Não dá para supor que são equivalentes, tem testes que comprovam isso”, explica.

  • Como a prova digital chegará aos computadores?

A prova do Enem digital será “carregada” no computador pela internet. Depois, diz o Inep, essa conexão será cortada.

O Inep afirma que o Enem digital será criptografado, o que impedirá que os dados sejam decodificados a tempo de afetar a aplicação das provas.

O instituto não informou como será feito o transporte e armazenamento do sistema. Segundo o Inep, o sigilo é para preservar a segurança do processo.

  • Quantos locais vão aplicar a prova?

Segundo o Inep, serão usados cerca de 4 mil laboratórios de informática em escolas, universidades e outras instituições credenciadas na Rede Nacional de Postos Aplicadores (RNPA).

O edital para este credenciamento foi aberto em julho.

  • Quantos computadores haverá por sala de aplicação do Enem digital?

As instituições cadastradas no RNPA deverão ter no mínimo duas salas, com pelo menos dez computadores cada.

Determinar este número pode fazer diferença no distanciamento entre os candidatos e na segurança para que um candidato não veja a prova do outro.

  • Os computadores estarão conectados à internet?

Não. Durante a realização do exame, os computadores não terão acesso à internet.

Segundo o Inep, os computadores receberão um programa que vai bloquear ferramentas existentes na máquina, como calculadoras.

  • Como será a redação no Enem digital?

A redação será manual, feita em papel, como no Enem tradicional.

  • Como será feita a transmissão dos dados da prova?

Ainda não se sabe se, após o aluno concluir a prova, o exame será transmitido via internet e como ocorrerá o processo para garantir que todos os resultados cheguem ao Inep.

Alavarse alerta sobre o risco de ataques hackers, como o registrado no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições deste ano.

  • Como evitar a ‘cola’?

Alguns vestibulares on-line têm computadores equipados por câmeras que detectam possíveis indícios de cola conforme a movimentação do corpo do candidato.

No caso do Enem digital, essa segurança não foi detalhada.

  • Como será o treinamento dos aplicadores da versão digital?

O Inep não esclareceu como será o treinamento, mas afirmou que ele começará neste sábado (5).

Ao todo, 30 mil aplicadores estão sendo treinados para as provas do Enem. Não há detalhamento sobre quantos serão para o Enem impresso e quantos serão para o Enem digital.

Cronograma do Enem 2020

  • Provas impressas: 17 e 24 de janeiro
  • Prova digital: 31 de janeiro e 7 de fevereiro
  • Reaplicação da prova: 24 e 25 de fevereiro
  • Resultados: a partir de 29 de março

Da redação/ Com G1

Comentários