Análise: A eleição 2020 em Mari – A conjuntura, os números e as perspectivas

Publicado em terça-feira, dezembro 1, 2020 · Comentar 


A cada eleição municipal uma História é contada de forma totalmente diferente. A eleição ocorrida em 15 de novembro deste ano contou com inúmeras variáveis que, observadas separadamente, podem levar a análises superficiais, incompletas e até arriscadas para os que atuam no mundo da política partidária.

Uma das variáveis mais significativa, acredito eu, foi o processo eleitoral ter ocorrido sob as limitações impostos pelos PROTOCOLOS determinados pelos órgãos de saúde pública em virtude da ocorrência da pandemia do Coronavírus, as quais inibiram a mobilização, o contato direto com o eleitor e a realização de eventos públicos que foram, em tese, substituídos pelo palanque eletrônico – as chamadas “livemicios” e as redes sociais virtuais. As eleições municipais são, efetivamente, de contato direto do candidato com o eleitor e vice-versa, o que, em tese, este ano não ocorreu. Outra variável interessante foi o número de candidatos concorrentes ao executivo. Não lembro de uma outra eleição ocorrida no município, na qual houvesse cinco candidaturas de oposição! Lembro, inclusive, de eleições em que houve racha (divisão) nas candidaturas de situação. Não obstante, mesmo a soma dos votos da oposição somando 54,09% dos votos válidos ela derrotada nas urnas para o comando do poder executivo. Houve ainda mais uma variável importante e diz respeito a composição do poder legislativo que somou 66,8% dos votos para os candidatos a vereador da situação. Além dos números objetivos para o legislativo (66,8%), o famigerado coeficiente eleitoral “eliminou” 2.030 dos votos válidos (12.887 total votos para legislativo), impondo a bancada de vereadores da oposição a representação de, apenas, 18% dos eleitores para a próxima legislatura.

Ainda sobre os números da eleição recém ocorrida há uma outra variável que, a meu juízo, é muito significativa. Trata-se dos percentuais obtidos pelos candidatos ao poder executivo em paralelo com os quantitativos obtidos pelos vereadores em suas respectivas agremiações de apoio; enquanto o prefeito eleito (6.263 – 45,91% dos votos válidos) recebeu 79% (7.929) dos votos destinados aos candidatos de sua base, enquanto o segundo colocado (5.671– 41,37% dos votos válidos) obteve 252% (2.245 ) dos votos vinculados aos candidatos a vereador que estavam agregados à sua campanha.

Os dados acima são, de certa forma, intrigantes e provocadores à uma reflexão profunda sobre os mesmos! Como pode haver uma diferença tão acentuada numa eleição que, aparentemente, seria tão parecida? O que explicaria uma candidatura majoritária que elegeu 09 das 11 vagas do parlamento mirim ter obtido somente 4,34% a mais que o seu concorrente que, obviamente, só elegeu dois parlamentares?  Houve erro na estratégia, nos procedimentos? Ou faltou a tão falada SOMA política?

Os números acima apontam, mesmo considerando que o horizonte eleitoral esteja distante, a necessidade de se ter uma visão pragmática sobre os próximos pleitos eleitorais! Seja para os que fazem a SITUAÇÃO ou para os que estão na OPOSIÇÃO.  Será de bom alvitre se estar ligado na velha máxima: “a política é a arte da SOMA”! Enquanto a DIVISÃO praticada na seara política, por mais sutil que seja, pode causar estragos avassaladores!

Severino Ramo
Professor/Historiador – Para o ExpressoPB.net 

Comentários