Opinião: O erro de Antonio é muito mais político do que de planejamento

Publicado em sábado, maio 23, 2020 · Comentar 


Dê licença um aparte, por favor, após meses sem escrever para esta coluna que deveria ser diária, mas que a correria do dia a dia me impedem de fazê-lo.  Volto, mas com previsão de que este é um dos últimos escritos meus nesta mesma coluna.

Esta manhã chuvosa de sábado, quando a cidade de Mari parece que recebeu um dilúvio durante a madrugada, acompanhei o radiofônico Araçá em Debate apresentado pelos competentes companheiros Mayara Paiva e Josélio Lima, onde o espaço serviu para as lamentações e justas cobranças daqueles que sofrem com os efeitos das chuvas caídas nas últimas horas.

Dos argumentos mais apresentados, o de que falta planejamento da gestão atual foi o mais exposto, com as devidas razões. Casos pontuais chamam a responsabilidade da gestão atual para si, mas não a sua totalidade. Não se planeja uma cidade de mais de 60 anos de fundação em menos de quatro anos de administração. A falta de planejamento no projeto urbanístico da cidade, vem talvez, desde sua criação, com a abertura de loteamentos particulares de forma desordenada [o bairro Silvino Costa é um desses exemplos], sem regulamentação jurídica. Mas isso não é uma exclusividade da iniciativa privada. O que dizer que nos últimos 20 anos foram criados pela prefeitura dois loteamentos – Amor Divino e Walter Martins – sem nenhuma estrutura urbana para aquelas habitações? Esses dois loteamentos foram criados ainda entre os anos de 2001 e 2006, ambos na gestão do político que governou Mari por longos 12 anos, o Sr. Marcos Martins.

É evidente que a atual gestão não pode se isentar de eventuais erros de planejamento. Detalhe: o erro é muito mais político do que de gestão. E ouso dizer porque.

Vejamos o exemplo da antiga rua da lama: se ela foi calçada de tal forma que não correspondeu a expectativa dos moradores e não resolveu o problema por completo, repito, o erro foi político. O prefeito cedeu a pressões políticas para resolver aquela situação, sob pena de ser cobrado por ter prometido em campanha a resolução do problema e não tê-lo resolvido; vejamos o fato da água acumulada as margens da pista, na entrada do Pasto Novo, esse é um caso de décadas, quem calçou as primeiras ruas do Pasto Novo fez vistas grossas aquela área de acesso ao bairro, daí vem agora um empresário faz um aterro na sua área particular e estende para a rua causando transtorno aos moradores vizinhos, mas a prefeitura não agiu para impedir a ação da iniciativa privada, o que também trata-se de um erro político e assim se segue lá na rua Lídio Galvão, onde um empresário fez uma obra no seu sítio que prejudicou os moradores daquela localidade.

Venhamos e convenhamos, essa gestão é uma sequencia de erros políticos. Digo políticos, porque administrativamente é bem melhor que a gestão passada, muito melhor, alias fica quilômetros de distância em qualquer comparação. Mas na política é, infelizmente, um erro crasso.

Ouvir, por exemplo, as críticas de Assis Firmino a gestão de Antonio é a comprovação de um erro político do prefeito, quando fez de Assis o protagonista da cultura nesses quatro anos de seu governo. Foi na gestão atual, da qual Assis começa a expor sua oposição a ela, que ele conseguiu ganhar visibilidade na área cultural com seu projeto Repente no Corêto.

Esse projeto cultural capitaneado por uma associação da qual Assis é presidente recebeu estrutura física e financeira da prefeitura para ser executado. De fato, talvez esse tenha sido o maior projeto cultural – para esse segmento (repentistas e afins) – já visto na cidade. Nem mesmo nos quatro anos anteriores da atual gestão, quando Assis era o Diretor de Cultura do município, ele conseguiu fazer tamanho trabalho, ou seja, houve um erro político do governo de AG ao terceirizar a política cultural e de fato [ de direito existe uma gerencia] ter colocada na mão de um adversário.

Ouvir uma servidora pública, aquela que mais cobrou a entrega dos terrenos dos funcionários, acusar agora a gestão de falta de planejamento por que o fez sem a devida estrutura, é atestar o erro político do prefeito, que chancelou a entrega desses terrenos da maneira como está, fruto da pressão política dessa mesma servidora e outros mais.

Portanto, se tomarmos por exemplo esses episódios, podemos constatar que a falta de planejamento não é exclusividade da atual gestão, o planejamento macro de Mari não existe e, repito, acho que desde sua fundação. A questão de centro do governo Antonio Gomes é meramente política. Erros que, por falta de uma articulação politica  eficiente, levaram a essa realidade.

Há, evidentemente, quem discorde de minha avaliação, mas na gestão pública tudo o que funciona é como engrenagem: se uma peça está com defeito todo o restante é afetado.

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Marcos Sales
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