“Ricardo com Lula, Cássio com Bolsonaro: dois encontros, vários significados”; leia analise

Publicado em quinta-feira, novembro 14, 2019 · Comentar 


Dois encontros ocorridos essa semana colocaram o governador João Azevedo numa posição política, no mínimo, desconfortável.

O primeiro, aconteceu na última segunda (11/11), em Campina Grande, durante a inauguração do Conjunto Aluísio Campos, obra do programa Minha Casa, Minha Vida, e os protagonistas foram o ex-senador Cássio Cunha Lima e o presidente Jair Bolsonaro.

Cássio foi tratado com especial deferência: sentou na primeira fila ao lado do presidente e foi tratado durante o pronunciamento de Bolsonaro como “patrimônio do Brasil”. Enquanto o presidente falava, uma ausência era sentida em cima do palanque: a do bolsonarista de primeira hora e deputado federal, Julian Lemos, que se jacta por onde passa de ser “amigo íntimo” do presidente, amizade que não resistiu às disputas pelo controle do fundo partidário do PSL: Lemos não acompanhará a família Bolsonaro ao novo partido, cuja criação foi anunciada hoje.

Enfim, Bolsonaro escolheu seu lado na Paraíba: a família Cunha Lima.

LULA COM RICARDO

O segundo encontro aconteceu, ontem, em São Paulo. Dele participaram o ex-presidente Lula e o ex-governador Ricardo Coutinho. Trata-se de um encontro carregado de significados políticos.

O primeiro deles é a inquestionável deferência com que Lula trata Ricardo Coutinho, uma retribuição à lealdade demonstrada pelo ex-governador da Paraíba, sobretudo nos momentos mais difíceis que antecederam e sucederam o golpe contra Dilma Rousseff.

O segundo, é a demonstração de que, caso o racha se efetive mesmo no PSB da Paraíba, o que certamente não interessa nem ao ex-presidente nem à esquerda do país, Lula já tem lado e é ao lado de Ricardo Coutinho.

E JOÃO AZEVEDO?

Numa América Latina cada vez mais conflagrada e num Brasil em estado de tensão permanente – hoje, o filho do presidente da República e deputado federal, Eduardo Bolsonaro, comemorou, pelo Twitter, a invasão a Embaixada venezuelana em Brasília, – o governador João Azevedo parece não dar a menor importância ou simplesmente não tem uma análise de conjuntura que traduza como a dimensão da, chamemos assim, grande política pode influenciar nos destinos do seu governo e no seu próprio destino político.

O resultado mais provável é que ele e seu governo passem ao largo dessa polarização, submergindo pela incapacidade demonstrada até agora de se posicionar em um cenário difícil, mas que cobrará cada vez mais posições claras dos seus agente políticos.

Cássio Cunha Lima e seu grupo caminham para ocupar o espaço que, em certo sentido, Bolsonaro e seu grupo ofereceram para ser ocupado por João Azevedo. Ao mesmo tempo, enquanto fazia acenos ao bosonarismo, João Azevedo atuava com uma timidez paralisante enquanto Lula estava preso.

Agora, resta esperar os desdobramentos do anúncio do racha definitivo de João Azevedo com Ricardo Coutinho, se é que vai acontecer mesmo. Enquanto isso, a roda continuará girando…

Por Professor Lucio Flávio

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