CONVERSA FRANCA/ Por Aninha Ferreira – Ser família

Publicado em sexta-feira, junho 7, 2019 · Comentar 


Gosto de espaço, de privacidade, mas a minha família sempre caberá na minha vida, independentemente de qualquer coisa. Com o passar dos anos e a chegada da sábia maturidade, entendi que por mais que eu caminhe, por mais pessoas que eu conheça na vida, ninguém nunca substituirá a atenção e a receptividade que só encontro entre os meus, apesar dos pesares todos. Nenhum lugar me deixará mais a vontade do que o meu Lar. A nossa casa é o nosso refúgio, nossa calma, nossa proteção. É na família que aprendemos o que é amar sem saber explicar. É referência, é ter para onde voltar e ser aceito do jeito que é. É saber que vai ter briga, desgosto, decepção, mas muito perdão. Infelizmente, o amor não existe em todas as casas, algumas famílias são unidas apenas pelo sangue. Sentimento? Passou longe. Mais parecem um bando de estranhos, intriga é o que não falta. Gente que só se cumprimenta no Natal, e olhe lá. Isso pode até parecer coisa de outro mundo para você, mas é a realidade de muitos.

Acredito que ninguém vive completamente feliz estando infeliz com a família. Parece que nada anda direito e a gente perde um pouco, ou muito, do sentido da vida. Sinto muito por quem não tem um aconchego familiar, por quem vive largado no mundo por qualquer que seja o motivo. Não ter uma família é experimentar o real gosto da solidão, do desamor. É difícil não ter para onde voltar. E não me refiro apenas a um teto, mas ao seio familiar, ao aconchego que existe entre pessoas que nos querem bem, seja do jeito que for. Família é a junção de muitos corações que parecem bater no mesmo ritmo e cantar a mesma canção. Quando um sai do tom, todos sofrem o abalo. É um tipo de sensação que a gente não controla, a gente sente. E sente para sempre.

Sigo acreditando na Família. Sigo crendo que uma boa base familiar livra muita gente de terríveis fins. Diante das coisas que vivi e vejo, se eu pudesse lhe dar um conselho seria esse: converse com os seus. Retome a intimidade, a proximidade. Fale sobre bobagens e coisas importantes da vida. Escute, observe, elogie, aconselhe. APRENDA. Tenha paciência com os mais velhos, ensine o manuseio das tecnologias sem parecer rude – talvez eles só queiram estreitar os laços. Não esqueça que eles lhe ensinaram muito com a paciência de quem ama. Reserve um tempo na agenda e visite familiares distantes, mas tão importantes para a sua vida; passe um domingo na casa dos avós, dos tios, das pessoas que já não podem mais visitar você. Sente-se com eles e desconecte o celular. Dedique o seu maior tempo para a sua família. Faça questão de estar com eles, de preservar a união, o aconchego. Ria, dê boas gargalhadas, relembre os bons momentos e viva o presente com quem está contigo na presença e na ausência, embora não possa mais te colocar nos braços. Diminua a distância entre as pessoas que sentem saudades de você, não espere perdê-las para visitá-las no cemitério.

Faça o máximo que puder para não alimentar discórdias entre parentes, para não entristecer quem tanto te quer bem; não esnobe o conhecimento deles só porque você cresceu e acha que sabe tudo sobre a vida. Nenhum ganho financeiro, status ou poder valem mais do que o sentimento que você só encontra nas raízes familiares. Infelizmente, as famílias não conversam mais. Sentar à mesa juntos é raridade. Os pais estão sendo trocados pela internet e os filhos pelo trabalho excessivo. Famílias que hoje crescem sem amor e sem a menor estrutura. O seio familiar clama por tempo, carinho e atenção. Necessita da presença de Deus. Os pais precisam ensinar e rever valores que estão sendo destruídos por uma sociedade materialista e individualista. Ter uma família é umas das melhores coisas da vida. Acredito que a melhor. Não tem nada que se compare ao sentimento que une tantas pessoas apesar de todas as diferenças.

15 de Maio – Dia da Família  

 

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