No Dia das Domésticas: Trabalhadoras Domésticas da PB falam sobre a dura realidade e os retrocessos atuais

Publicado em sábado, abril 27, 2019 · Comentar 


O Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de João Pessoa e Região iniciou a manhã da sexta-feira (26) fazendo panfletagem na CBTU e participando de entrevista na rádio Cruz das Armas, em alusão ao seu dia – 27 de maio.

Segundo Rejane Santos, Presidenta do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas, a expectativa para as atividades alusivas à data comemorativa é conscientizar as trabalhadoras: “a ação é para que elas venhas se filiar para fortalecer a nossa luta, porque o sindicato e a categoria devem estar juntos; e ainda é um trabalho grandioso dizer para mulher a importância do sindicato na vida delas”, define Rejane.Rejane Santos – Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de João Pessoa e Região | Foto: Arquivo Pessoal

Com o desmonte do estado democrático de direitos e a chegada do novo presidente de ultra-direita, o número de trabalhadoras domésticas com carteira assinada caiu 15% ao longo dos últimos três anos, apesar da atividade ter sido regulamentada pela presidente deposta, Dilma Rousseff, em 2015. Graça – Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de João Pessoa e Região | Foto: Arquivo Pessoal

Segundo o IBGE, entre 2015 e o final do ano passado, 300 mil empregadas domésticas perderam o direito e o contingente passou de 2,1 milhões para 1,78 milhão de trabalhadoras. Os dados mostram que a informalidade na categoria aumentou 7,2%. Especialistas afirmam que este é o retrato de um retrocesso, que se comporta como uma onda fluvial e que vai impactando tudo e todos(as), privilegiando ricos e massacrando as(os) trabalhadoras(es). Panfletando na hora que todas estão indo pro trabalho | Foto: Arquivo Pessoal

Brasil de Fato Paraíba entrevistou Rejane Santos, do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores Domésticos de João Pessoa, sobre a conjuntura atual dos direitos da categoria e sobre a solidariedade e a comemoração diante da importância das Trabalhadoras Domésticas para o Brasil.

BdF: Qual a atual situação da Trabalhadora Doméstica hoje?

Rejane Santos: o trabalho doméstico ainda é um trabalho de grande desvalorização. Mesmo com a PEC (assinada por Dilma) que chegou pra valorizar um pouco mais esse trabalho, acobertar a mulher nos seus direitos, ainda está muito longe da nossa realidade porque é preciso que haja luta, senão os patrões domésticos não cumprem os deveres de jeito nenhum. Eles dão um jeito de burlar a lei de qualquer maneira. Por isso que é necessário a presença do Sindicato na vida das mulheres para estar orientando e dizendo ao patrão… a gente não só trabalha com a doméstica, a gente também dialoga com o patrão.

BdF: O que significa o governo Bolsonaro para as Trabalhadoras Domésticas?

Rejane Santos: o governo Bolsonaro é um governo que nos assusta muito. É uma pessoa que não está aí para fazer um trabalho abrangente com a classe pobre, com as mulheres. Pelo contrário, ele retira todos os direitos das mulheres. É um sujeito que a gente tem que se organizar cada vez mais. A gente não pode ficar parada mesmo dentro dessa correlação de força onde a gente está perdendo o direito, onde está desmontando tudo o que venha beneficiar as mulheres, trabalhadoras domésticas, ou que não seja trabalhadora doméstica. A gente tem que estar muito bem preparada; então é essa a nossa preocupação também com as mulheres trabalhadoras domésticas.

Bdf: Quais são as principais dificuldades que vocês passam no país, hoje?

Rejane Santos: as trabalhadoras doméstica sofrem tudo né. Sofrem o assédio moral, são muito maltratadas. Também tem a retirada dos direitos que não são respeitados, são burlados – eles dão um jeito de burlar isso – as domésticas sofrem bastante porque a grande maioria não sabe ler nem escrever. Elas assinam papel dizendo que recebeu férias, dizendo que recebeu décimo, sem ter realmente recebido, assina pedido de demissão sem ser ela que está pedindo, o FGTS fica preso, quer dizer, é um grande desrespeito ainda em tudo. O sindicato chega lá, chegando até nós, a gente liga pra patrão a gente questiona, a gente faz tudo o que pode pra poder elas terem o direito delas. É uma pena que a categoria não sabe ler,a grande maioria delas.

Bdf: Como o sindicato está vendo este 1° de maio de 2019?

Rejane Santos: O 1° de maio, dia do trabalhador, em 2019, não temos o que comemorar. Mas vamos pra rua pra dizer que estamos na resistência, que não vamos baixar a guarda pra esse governo Bolsonaro. O que hoje vai ser a unidade de todos os trabalhadores, todos os movimentos, todas as organizações, é a resistência e a luta.

Bdf: Qual a mensagem para as trabalhadoras domésticas que você tem para as mulheres?

Rejane Santos: quero dizer para as minhas companheiras, para a minha categoria de domésticas que temos o que o que comemorar sim.  O nossa trabalho é um trabalho muito bonito. Somos grandes profissionais, geramos riquezas pro Brasil. Ficamos nas casa cuidando para que outras mulheres possam fazer um outro tipo de trabalho. Este nosso, não é fácil, não é pra todo mundo não. Então vamos comemorar sim. A profissão que desempenhamos é muito importante para todos. Então eu quero dizer que nós somos mulheres guerreiras!

Da Redação
Edição: Cida Alves

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