A saúde Mental é algo complexo, que influencia diretamente o corpo físico e o agir das pessoas, no entanto que recebia pouca ênfase, até que em 2013 motivados pelo “Outubro Rosa de prevenção ao câncer de mama”, Psicólogos de Minas Gerais resolveram mobilizar-se em um mês do ano para priorizar a conscientização sobre a importância de cuidar da saúde mental. Ao perceber que boa parte das pessoas determina o início do ano para traçar metas e objetivos de vida focaram no mês de janeiro para essa campanha, escolhendo a cor branca simbolicamente por representar uma página em branco, direcionando-o a pensar e refletir como está sua vida de modo geral, bem como está sua saúde mental e reescrever sua história podendo prevenir e/ou tratar aspectos psíquicos e emocionais, promovendo educação, gerando conhecimento e proporcionando saúde e bem estar físico e mental.
A campanha foi idealizada por Psicólogos e proposta a todas as profissões e sociedade em geral, enquadrando-se à Terapia Ocupacional, tendo esta profissão, vistas a uma atuação que pode contemplar ações de prevenção, assistência direta aos pacientes com sofrimento psíquico, assistência às suas famílias, articulação com equipamentos de suporte do território, ou seja, o trabalho tem uma vertente clínica e outra psicossocial, que tende apenas a somar no processo de Atenção ao usuário.
A Terapia Ocupacional possui a Resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional-COFFITO Nº 408 de 18 de agosto de 2011, que disciplina a Especialidade Profissional Terapia Ocupacional em Saúde Mental. Por analisar sempre o indivíduo além da patologia, buscando identificar não só aspectos físicos, biológicos, mas também ambientais, de crença, religião etc, o profissional Terapeuta Ocupacional é indicado nos tratamentos de pessoas com algum tipo de sofrimento mental, Depressão, Ansiedade, Esquizofrenia, Síndrome do Pânico, dentre outros.
Uma das principais doenças incapacitantes do dia a dia é a terrível depressão. A Depressão que muitos tendem em julgar como falta de Deus ou falta do que fazer, nada mais é que um excesso. Excesso de algo que faz mal, ao ponto de incapacitar e atingir negativamente o seu cotidiano. Uma das principais doenças da saúde mental que prejudica o individuo na atualidade. Qualquer pessoa está propensa a ser acometido por esta. Pessoas são acometidas pela depressão, por exemplo, ao atingir a fase idosa, ao notar que seu Desempenho Ocupacional está reduzido, ao notar que já não desempenha suas funções como na jovialidade, muitas das vezes ao desenvolver uma demência, seja essa de Alzheimer ou não, adquiri vícios como repetição de palavras ou contos, às vezes o déficit na audição que o atrapalha na interpretação levá-o ao isolamento, por se tornar em parte das vezes para este e para aquele que está fazendo companhia um diálogo desconfortável.
Outro exemplo de pessoas vulneráveis à depressão são as mamães no período pós parto, tendo que lhe dar com uma gama de novas e intensas atividades e cobranças. Adolescentes que estão naquela fase de descoberta de um novo mundo, que apesar de se dizerem e se colocarem como felizes estão numa busca constante, para se enquadrar em algum grupo e sentem-se sempre como os últimos.
Dentre tantos outros aponta-se por fim, mas não menos importante, às pessoas que atingem uma certa idade e que muitas das vezes tem uma vida invejável, financeiramente satisfatória, esbanjam em beleza, viagens, participam de praticamente tudo que lhes é proposto, demonstram felicidade, mas vivem numa profunda melancolia, isto porque são ótimos em todos os papeis que desempenham, filhos, tios, irmãos, dentre outros. Adquirem vários papeis, para não ter tempo de fazer uma reflexão sobre sua Própria vida e muitas das vezes tem algo a ser percebido ali por si, muitas das vezes algo lhe frustrou, talvez o fato de não se enquadrar em algum padrão da sociedade. Talvez estético talvez de alcance profissional, ou de alcance na vida pessoal, amorosa, enfim algo que no fundo, não lhe deixa ser verdadeiramente realizado.
Por isso, costumo dizer que depressão não é falta, seja de Deus, seja do que fazer. Depressão é excesso. Excesso de algo que está fazendo mal e que embora subjetivo, se enquadra e tem a raiz problema dentro de uma das áreas de Ocupação, ou ainda, que afeta diretamente uma ou várias das áreas de Ocupações.
As áreas de ocupação Humana descritas na AOTA são Atividades de vida Diária (autocuidado/ arrumar-se, escovar os dentes, tomar banho, pentear cabelos, depilação, comer, atividade sexual, dentre outras) AIVD’s (pagar uma conta, ir ao supermercado, cultivar um jardim, etc), descanso e sono, lazer, participação social, trabalho, educação e brincar. Se pararmos para refletir uma pessoa independente de sua faixa etária, ao dar sinais de uma possível depressão com picos estresses ou silêncio e isolamento profundo, geralmente apresenta além de choro inconstante e ao julgamento desnecessário do outro, um relaxamento em relação as suas atividades de vida de área, dizendo-se sem “vontade ou ânimo para arrumar-se”.
É comum ainda que as pessoas procurem um médico para a prescrição de medicação para o sono que já não está sendo saudável, isso porque na maioria das vezes enxerga como uma dificuldade pra dormir e acredita que o medicamento irá resolver, e este não deixa de ter seu efeito imediato, o que não significa que os problemas estejam resolvidos, já que eles estão além do sono. Um pouco mais a frente, mesmo conseguindo dormir dopada a pessoa acaba apresentando déficit além do autocuidado, também no desempenho do trabalho, posteriormente acredita que sua imagem física decorrente de sua falta de autocuidado já não favorece sua participação social e seus momentos de lazer, e quando foi ver lá se vão várias áreas de ocupação afetadas pela terrível Depressão.
Vale salientar que isso não significa dizer que a pessoa não deva procurar um médico ou não deva tomar a medicação para ajudar em seu sono, na verdade é um alerta para um cuidado integral, para um cuidado que vá além da medicação, um cuidado que busque agir na raiz do problema e não apenas mascará-lo.
“Afinal quem cuida da mente, cuida da vida” e isso é o que deve nortear a busca pelo cuidado a Saúde Mental.
Drª Raniéli Souza,
Terapeuta Ocupacional CREFITO 177891-T.O
Pós- Graduanda Em Transtornos do Desenvolvimento e do Espectro Autista
Membro da Diretoria da Associação de Terapeutas Ocupacionais da Paraíba
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Fonte: https:// http://www.evidencias.com.br/noticias/janeiro-branco-voce-esta-de-olho-na-sua-saude-mental/
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL Cartilha: SAÚDE MENTAL Atuação da fisioterapia e da terapia ocupacional. Recife, 2016.
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL. RESOLUÇÃO COFFITO Nº 408 de 18 de agosto de 2011, publicada no D.O.U.: 24 de novembro de 2011. Disponível em:<http://crefito1.org.br/profissoes/terapia-ocupacional/> Acesso em: 15 de mai. 2018.